Apesar da tecnologia cada vez mais avançada, tem gente que não aposenta os discos compactos.
No mundo implacável do MP3 (MPEG Audio Layer-3), onde os discos compactos agonizam e os cassetes estão sendo associados à idade da pedra, os discos de vinil retornam com força, pelo menos numa fábrica do Brooklyn, em Nova York. Thomas Bernich, 40 anos, produz os discos, agora, às dezenas de milhares, em seu estabelecimento, alimentando uma retomada que faz rodar as velhas vitrolas e as caixas registradoras. Cresceu muito, fala Bernich.
Na pequena fábrica, o som predominante é o das máquinas que comprimem o vinil para transformá-lo em novos álbuns, com as músicas gravadas em suas ranhuras. Thomas Bernich começou modestamente, há dez anos. Possui agora quatro empregados em tempo integral, dois outros em meio expediente, e produz 250 mil álbuns por ano, esperando dobrar esse número.
Na idade dos downloads instantâneos, na qual pode-se baixar o que quiser, a fabricação desafia as convenções. Mas o mercado existe. Alan Bayer, responsável pelas vendas on-line vinylrevinyl.com, explica que os microssulcos negros, as ranhuras em forma de V, muito finas e compactas, nas quais se registra a trilha sonora num long-play, recusam-se a desaparecer, como aconteceu com os cassetes ou os CDs.
As únicas lojas de discos que conseguiram permanecer no mercado, na zona onde está minha fábrica, são as que dedicam uma parte importante de seu espaço aos discos de vinil”, diz ele.
Os puristas juram que o som é melhor do que o dos MP3. Os colecionadores amam descobrir os velhos discos com suas capas ilustradas. Os jovens DJs transformam os toca-discos de seus pais em instrumentos ligados à noite, nas boates, e surgem grupos que encomendam os vinis, para se tornarem diferentes.
Scott Neuman, presidente da ForeverVinyl.com, que vende também os discos de 33 rotações, afirma que pela primeira vez, em muitos anos, as vendas dos novos discos de vinil estão se tornando significativas. Ao mesmo tempo, o mercado está inundado por pessoas que vendem seus velhos discos negros, para ganhar um pouco de dinheiro.
Thomas Bernich comenta que o vinil não surge do nada. É preciso muito trabalho e esse esforço às vezes não compensa em termos financeiros, mesmo para quem se diz apaixonado pelo que faz, contou. No ano passado, toda a produção da Brooklynphono foi feita a partir de discos reciclados.
Cláudio Favarin
www.disconightnaweb.com