Quando se trata de “aguentar beber”, algumas mulheres são capazes de
beber tanto quanto os homens. Porém, não há igualdade quando se trata de
qual saúde sofre mais por isso. Segundo uma nova pesquisa, o consumo
excessivo de álcool leva a maiores estragos no corpo feminino, com um
maior risco de danos no cérebro, fígado e coração, entre outras
condições.
A pesquisa apresentou um salto de 30% em mulheres que bebem demais
entre 1979 e 2006 (isto é, que tomam pelo menos quatro bebidas
alcoólicas em rápida sucessão).
Os especialistas estão cada vez mais preocupados com o aumento da
“bebedeira” entre mulheres mais jovens. Um estudo que reúne dados de
mais de 500.000 pessoas indica que mulheres com idade entre 21 e 23 anos
são o único grupo cuja bebedeira aumentou.
Isso é preocupante. As diferenças físicas entre homens e mulheres
desempenham um papel importante na maneira como o corpo metaboliza o
álcool. As mulheres têm mais gordura e menos água em seus sistemas, bem
como níveis mais baixos de uma enzima importante na decomposição do
álcool. Isso significa que elas experimentam os efeitos da bebida mais
rapidamente e durante mais tempo que os homens.
Segundo os pesquisadores, como as mulheres são menores do que os
homens, a mesma quantidade de álcool fica mais concentrada no corpo de
uma mulher no que no corpo de um homem. Isso significa que quando um
homem e uma mulher bebem a mesma quantidade de álcool, em geral, os
órgãos internos da mulher ficam mais expostos do que os do homem.
As consequências de beber incluem diversos danos as mulheres. Por
exemplo, lesões no fígado. As mulheres desenvolvem doença hepática
induzida por álcool, incluindo hepatite e cirrose, durante um curto
período de tempo e depois de menos consumo de álcool do que os homens. O
hormônio feminino estrogênio pode aumentar os riscos.
Outras lesões são as cerebrais. Exames de ressonância magnética
mostraram que certas regiões do cérebro são menores em mulheres
alcoólatras do que em outras mulheres e homens que são alcoólatras,
mesmo após as medidas serem ajustadas ao tamanho da cabeça.
A doença cardíaca também é uma ameaça. Muitos estudos têm mostrado
que uma ou duas bebidas por dia é saudável para o coração. No entanto,
outras pesquisas mostram taxas similares de danos graves ao músculo do
coração entre mulheres e homens que são alcoólicos, apesar do fato das
mulheres alcoólatras consumirem 60% menos álcool durante a vida, em
média.
O risco de desenvolver câncer de mama também sobe drasticamente para
as alcoólatras. Uma grande análise mostrou que o risco de desenvolver a
doença salta 9% para cada aumento de 10 gramas de consumo diário de
álcool por dia, até 60 gramas.
Além disso, o risco de acidentes e casos violentos é muito maior. Não
apenas as mulheres se colocam em maior risco de serem abordadas,
sexualmente ou não, como tem havido um aumento na última década na
proporção de motoristas mulheres envolvidas em acidentes de carro
fatais. Os hábitos de consumo não saudáveis colocam as mulheres em maior
risco para uma variedade de consequências adversas à saúde e
socialmente, incluindo a infecção pelo vírus da Aids.
Mesmo condições menos sérias, tais como sinusite ou infecções da
bexiga, podem ser provocadas pelo abuso de álcool. Algumas
ex-alcoólatras relataram infecções crônicas no seio, desidratação,
síndrome do intestino irritável, etc.
O alcoolismo pode ser muito “sutil”. Muitas vezes as pessoas não
conseguem perceber quando “cruzam a linha” para a doença. Aliás, segundo
pesquisadores e especialistas, muitas pessoas não sabem sequer que é
uma doença.
Os cientistas encorajam os profissionais de saúde a fazer exames em
mulheres de todas as idades para selecionar as com problemas de bebida,
já que os sintomas são tão facilmente negligenciados. Por exemplo, em
mulheres mais velhas, o álcool pode ser um “culpado oculto” que
contribui para a depressão, quedas frequentes, ou insuficiência
cardíaca. Nem os profissionais de saúde, nem os pacientes devem
simplesmente assumir que o álcool não pode ser um problema; pois não só
pode, como é. [
LiveScience]a