Muito se fala da importância da leitura desde muito cedo. Entretanto, na prática, sabemos que nem toda criança ou adolescente tem familiaridade com os livros. Mas, será que cabe a leitura num mundo que vai ficando cada vez mais atraído à dependência de objetos eletrônicos? E cada vez mais cedo? A professora Doutora da UFRN, Tâmara Abreu, especialista em Literatura Infanto-juvenil dá um exemplo de como, nem sempre se dá o devido valor à aquisição de livros: "Numa festinha de aniversário, é muito raro as crianças receberem livros de presente. Geralmente, ou é brinquedo ou roupa. Mas o livro deve sim ser encarado como um presente", sugere ela.
Na próxima semana, a Cooperativa Cultural Universitária, dentro das comemorações do mês da criança, promoverá uma contação de histórias para crianças especialmente para uma creche de Mirassol, em parceria com o NAC, contando com a presença da professora Adeilza Gomes da Silva, que vai ler trechos de Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. O evento não é aberto ao público, mas durante todo esse mês a livraria está dando 20% de desconto nos títulos infantis e juvenis.
Para Tâmara, o primeiro passo é ser modelo. Crianças e adolescentes que veem os pais lendo, terão naturalmente, o hábito de ler também. Mas, e quando os pais não conseguem ser leitores assíduos, sob a justificativa de não terem tempo? O segundo passo, é ler junto com os pequeninos; e o terceiro é levar as crianças para livrarias e bibliotecas. "É necessário que os pais encarem o livro como acesso ao saber. Não só aqueles que estão na moda, ou aqueles de apelo comercial. Existe excelente literatura infanto-juvenil. Aqui em Natal, a única livraria que eu encontro autores como Roger Melo - considerado um dos melhores no mundo - é na Cooperativa Cultural Universitária", elogiou ela.
Segundo a especialista, que trabalha no campo da Pesquisa e Extensão na formação de professores em Literatura Infanto-juvenil, é inegável que o livro tem perdido espaço para os objetos eletrônicos, que acabam tomando muito tempo das crianças e adolescentes. "Não se trata de trocar o objeto eletrônico, como joguinhos ou celulares, porque eles já estão na vida das crianças e faz parte da sua relação com o mundo. Proibir não funciona. Mas se trata de oferecer outras alternativas. O livro trabalha, no ponto de vista de certas alterações cognitivas, que o objeto eletrônico não trabalha, e até atrapalha. Quando a criança lê, ela imagina as cenas, traça relações entre o que lê e as suas experiências, elabora hipóteses e inferências que são extremamente bem-vindas à inteligência. Os jogos mexem com outras alterações cognitivas, mas menos enriquecedoras do ponto de vista emocional".
Para os pais interessados em que seus filhos, crianças ou adolescentes, tenham e mantenham o hábito de ler, Tâmara dá outra sugestão: deixar os livros sempre à disposição. Não adianta só colocar nas prateleiras. "Eles devem estar num espaço de destaque dentro da casa". Para quem quiser saber de indicações de livros, o site da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil http://www.fnlij.org.br/ oferece listas dos melhores autores para esse público específico.