Nos dois últimos anos, seguiu tendência de redução da superfície de água já registrada no Brasil. De 2009 até ano passado, apenas o ano de 2022 esteve acima da média histórica do período analisado pelo MapBiomas, que tem início em 1985. A superfície de água no Brasil segue encolhendo. Em 2024, foram 17,9 milhões de hectares cobertos por água, uma redução de 2% em relação a 2023 e 4% abaixo da média histórica. 40 anos de imagens de satélite foram usados para mapear a superfície da água no nosso país.
Em quilômetros quadrados, o conjunto de corpos d’água no país corresponde a 179 mil. Trata-se de uma área de apenas 2,1% do Brasil, mas com tamanho quase equivalente ao estado do Paraná ou a três quartos do estado de São Paulo. Embora detenha 12% da água potável do planeta, o Brasil tem uma distribuição desigual: mais da metade da superfície de água do País (61%) está na Amazônia, onde vivem 29 milhões de brasileiros. Já a Caatinga, que abriga 32 milhões de habitantes, tem menos de 1 milhão de hectares de superfície de água (981 mil, ou 5% do total). Com 2,2 milhões de hectares, a Mata Atlântica tem 13% da superfície de água no Brasil, seguida pelo Pampa (1,8 milhão de hectares, ou 10% do total) e Cerrado (1,6 milhão de hectares, ou 9% do total).
Ter 12% da água potável do mundo não significa abundância com sustentabilidade para sempre. As mudanças climáticas a cada dia mais real, confirma a diminuição das chuvas médias em todo o país. A devastação de florestas, reguladoras naturais de vazões hídricas, também contribui para delinear o espectro de escassez. A perda de superfície de água pode ser causada por diversos fatores, como mudanças climáticas, uso excessivo dos recursos hídricos, poluição e até construção de barragens. Segundo estudos, além do crescimento populacional, a urbanização e a industrialização também ampliam a demanda pela água.
No Rio Grande do Norte, o Instituto de Gestão das Águas (Igarn) realiza o monitoramento dos principais reservatórios. Este ano, o Relatório dos Volumes dos Principais Reservatórios do RN ganhou a Barragem de Oiticica, que tem capacidade total de 742.632.840 m³ e hoje acumula 10,06% da sua capacidade total. Inaugurado oficialmente este mês, passa a ser o segundo maior reservatório do Estado, já que a Barragem de Santa Cruz em Apodi tem capacidade total de 599.712.000 m³. A Barragem Armando Ribeiro Gonçalves continua sendo o maior manancial potiguar, com 2.373.066.000 m³. Hoje acumula o que equivale a 65,31% de sua capacidade total, segundo as últimas medições.
Um dos históricos reservatórios hídricos do Seridó mereceu atenção durante a Semana da Água do RN de 2025. O açude Itans de Caicó completa 90 anos este ano, mas está com apenas 0,64% de sua capacidade. “Nós trabalhamos com a temática ‘Proteja as Águas Potiguares’, um chamado à educação ambiental e ao uso consciente da água. É fundamental que todos se envolvam na preservação das nascentes, das margens dos rios e açudes, na remoção de lixo dos mananciais e na garantia do saneamento básico. Falar sobre o Itans é falar sobre o povo do Seridó, nossa história e cultura”, afirmou o diretor-presidente do Igarn, Procópio Lucena.
Por Rodrigo Rafael
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