domingo, 30 de março de 2025

Enquanto Brasil mantém redução da superfície de água, RN aumenta suas bacias hídricas


Nos dois últimos anos, seguiu tendência de redução da superfície de água já registrada no Brasil. De 2009 até ano passado, apenas o ano de 2022 esteve acima da média histórica do período analisado pelo MapBiomas, que tem início em 1985. A superfície de água no Brasil segue encolhendo. Em 2024, foram 17,9 milhões de hectares cobertos por água, uma redução de 2% em relação a 2023 e 4% abaixo da média histórica. 40 anos de imagens de satélite foram usados para mapear a superfície da água no nosso país.

Em quilômetros quadrados, o conjunto de corpos d’água no país corresponde a 179 mil. Trata-se de uma área de apenas 2,1% do Brasil, mas com tamanho quase equivalente ao estado do Paraná ou a três quartos do estado de São Paulo. Embora detenha 12% da água potável do planeta, o Brasil tem uma distribuição desigual: mais da metade da superfície de água do País (61%) está na Amazônia, onde vivem 29 milhões de brasileiros. Já a Caatinga, que abriga 32 milhões de habitantes, tem menos de 1 milhão de hectares de superfície de água (981 mil, ou 5% do total). Com 2,2 milhões de hectares, a Mata Atlântica tem 13% da superfície de água no Brasil, seguida pelo Pampa (1,8 milhão de hectares, ou 10% do total) e Cerrado (1,6 milhão de hectares, ou 9% do total).

Ter 12% da água potável do mundo não significa abundância com sustentabilidade para sempre. As mudanças climáticas a cada dia mais real, confirma a diminuição das chuvas médias em todo o país. A devastação de florestas, reguladoras naturais de vazões hídricas, também contribui para delinear o espectro de escassez. A perda de superfície de água pode ser causada por diversos fatores, como mudanças climáticas, uso excessivo dos recursos hídricos, poluição e até construção de barragens. Segundo estudos, além do crescimento populacional, a urbanização e a industrialização também ampliam a demanda pela água.

No Rio Grande do Norte, o Instituto de Gestão das Águas (Igarn) realiza o monitoramento dos principais reservatórios. Este ano, o Relatório dos Volumes dos Principais Reservatórios do RN ganhou a Barragem de Oiticica, que tem capacidade total de 742.632.840 m³ e hoje acumula 10,06% da sua capacidade total. Inaugurado oficialmente este mês, passa a ser o segundo maior reservatório do Estado, já que a Barragem de Santa Cruz em Apodi tem capacidade total de 599.712.000 m³. A Barragem Armando Ribeiro Gonçalves continua sendo o maior manancial potiguar, com 2.373.066.000 m³. Hoje acumula o que equivale a 65,31% de sua capacidade total, segundo as últimas medições.

Um dos históricos reservatórios hídricos do Seridó mereceu atenção durante a Semana da Água do RN de 2025. O açude Itans de Caicó completa 90 anos este ano, mas está com apenas 0,64% de sua capacidade. “Nós trabalhamos com a temática ‘Proteja as Águas Potiguares’, um chamado à educação ambiental e ao uso consciente da água. É fundamental que todos se envolvam na preservação das nascentes, das margens dos rios e açudes, na remoção de lixo dos mananciais e na garantia do saneamento básico. Falar sobre o Itans é falar sobre o povo do Seridó, nossa história e cultura”, afirmou o diretor-presidente do Igarn, Procópio Lucena.

Por Rodrigo Rafael

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