O sobe-e-desce da moeda é acompanhado de perto, mas as intervenções não têm como objetivo determinar uma cotação específica
O dólar tem batido recorde diante da desconfiança com os rumos da economia brasileira. O Banco Central acompanha o sobe-e-desce da moeda e pode intervir. As atuações, porém, não servem para determinar uma cotação específica.
Segundo o BC, as intervenções acontecem somente para garantir “o funcionamento adequado do mercado”. Não há uma meta para a cotação.
Essas intervenções, explica a instituição, servem para “conter eventuais movimentos desordenados da taxa de câmbio, evitar restrições de liquidez e assegurar o provimento de mecanismos de proteção ao mercado”.
Para isso, a autoridade monetária tem três operações para tentar acalmar o mercado.
Venda direta
A primeira operação é a mais simples de todas: a venda direta de dólares das reservas internacionais. O Brasil mantém moedas estrangeiras guardadas que funcionam como um colchão, um seguro para que o BC possa pagar compromissos financeiros no exterior, além de poder reagir a crises no câmbio ou diante da interrupção do fluxo de capitais.
Nessa operação, o BC avisa o mercado que ofertará dólares aos bancos. A operação acontece em um leilão. Ao BC, os bancos precisam apresentam uma proposta de compra com valor a ser adquirido e cotação do dólar.
De posse dessas propostas, o BC decide quantos dólares venderá e por qual preço – o chamado valor de corte. Aos bancos que oferecem os melhores preços, o BC entrega os dólares das reservas internacionais e, em troca, recebe reais.Nessa operação, o dólar sai das reservas e não volta mais. Atualmente, o Brasil tem cerca de US$ 360 bilhões em reservas.
Leilão de linha (empréstimo)
Outra modalidade de intervenção acontece em uma operação que se assemelha a um empréstimo – o BC chama de “leilão de linha”. Nessa operação, a instituição avisa o mercado que ofertará dólares das reservas internacionais.
Ao contrário da venda direta, porém, essa operação não termina na venda. Há uma segunda etapa: a devolução dos dólares para o BC com juros em data preestabelecida no leilão.
Bancos interessados fazem proposta de valor e com uma taxa de remuneração para o período contratado. De posse das ofertas, o BC decide quantos dólares emprestará e qual juro vai cobrar dos bancos.
As maiores taxas são as contempladas.
Nesse caso, bancos ficam com os dólares, mas precisam devolvê-los com juros. Assim, as reservas internacionais têm uma queda do nível (com a saída dos dólares) em um primeiro momento, mas o patamar volta no futuro com a devolução programada da moeda.
Swap cambial
Há, ainda, uma terceira maneira de intervenção do BC no mercado de câmbio, mas que, curiosamente, não usa dólares. Essa operação é feita apenas no mercado futuro e totalmente em reais. Para isso, o BC faz uma operação de troca de taxas – swap, em inglês.
Quando há tendência de alta do dólar, o BC pode oferecer ao mercado a variação cambial por um prazo determinado no futuro aos bancos que buscam proteção às oscilações. Em troca, o BC cobra juros.
Imagine que um banco tem uma dívida de US$ 1 milhão a ser paga em 90 dias. Hoje, o dólar vale R$ 6 e essa instituição compra contratos de swap cambial que equivalem a toda a dívida – portanto, cobrem a dívida que atualmente é convertida em R$ 6 milhões.
Se daqui a três meses, no vencimento da dívida, o dólar atingir R$ 7, esse banco vai receber do BC toda a diferença em reais (R$ 1 a cada dólar de referência da operação ou R$ 1 milhão no total).
Assim, o banco terá reais suficientes para comprar todos os dólares necessários no mercado e, assim, quitar a dívida mesmo com a alta da cotação.
Em troca, o banco precisa pagar juros para o BC. Nessas operações, se o dólar não subir, o BC pode até ter lucro com a operação – quando não precisa pagar nada ao banco (caso o dólar caia), e ainda recebe os juros prometidos pela instituição financeira.
Fonte: CNN
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