segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Lagoa Nova e outras cidades do RN perdem acesso a royalties de mineração após decisão da ANM

Lagoa Nova, uma cidade localizada no interior do Rio Grande do Norte, foi diretamente afetada por uma nova resolução da Agência Nacional de Mineração (ANM), que reduziu drasticamente o número de municípios aptos a receber a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). Esta decisão, divulgada no mês passado, retirou mais de 70% das cidades da lista de beneficiárias da Cfem-estruturas, que distribui recursos provenientes da mineração de ferro.

Anteriormente, 100 municípios no Brasil, incluindo cidades do Norte e Nordeste, recebiam esses recursos por abrigarem estruturas de apoio à mineração, como pilhas de minério ou barragens. No entanto, após a revisão da ANM, apenas 31 cidades continuarão recebendo os royalties, sendo que apenas quatro delas estão fora de Minas Gerais, estado que agora domina a lista de beneficiárias.

A cidade de Lagoa Nova, que anteriormente recebia esses recursos por sediar estruturas de empilhamento de minério e pesquisas minerárias, foi surpreendida ao ser excluída da lista para o ciclo 2024/2025. O prefeito Luciano Santos (MDB) manifestou sua surpresa e frustração com a exclusão, pois a cidade ainda possui atividades relacionadas à mineração. “Descobrimos ao acessar a lista da ANM que Lagoa Nova ficou de fora, mesmo com a presença de estruturas relevantes em nosso território”, afirmou o prefeito.

A ANM justificou a exclusão, afirmando que, segundo a nova norma, apenas municípios onde há registro ativo de produção e uso das estruturas minerárias têm direito aos royalties. Esta mudança gerou críticas de diversos prefeitos, especialmente daqueles das regiões Norte e Nordeste, que perderam uma importante fonte de receita.

Ainda há um prazo para que os municípios afetados, como Lagoa Nova, recorram da decisão e apresentem evidências de que a exclusão foi baseada em informações incorretas fornecidas pelas mineradoras. Contudo, a ANM já alertou que a capacidade da agência de verificar a veracidade das informações prestadas pelas empresas é limitada, o que coloca em risco o sucesso desses recursos.

A decisão da ANM, que favorece esmagadoramente os municípios mineiros, tem gerado controvérsias e levanta questionamentos sobre a imparcialidade do processo. O diretor da ANM, Caio Seabra, mineiro de origem, foi responsável por apresentar o parecer que levou à nova interpretação do decreto ministerial, vinculando o pagamento dos royalties diretamente à produção efetiva. Embora Seabra tenha defendido que a decisão foi tomada de maneira colegiada e fundamentada, a concentração dos recursos em Minas Gerais levanta preocupações sobre os critérios utilizados.

Enquanto isso, Lagoa Nova e outras cidades afetadas aguardam a conclusão desse processo, esperando que suas reivindicações sejam atendidas para que possam continuar recebendo os recursos da Cfem, fundamentais para seus orçamentos e desenvolvimento local.

 Via Estadão 

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