A solenidade convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para marcar o aniversário dos atos de 8 de janeiro, inicialmente planejada como um momento de "catarse coletiva" em defesa da democracia, revelou fissuras na narrativa de "tentativa de golpe" promovida pelos manifestantes na opinião pública. Além dos bolsonaristas, fascistas e a direita radical, outras vozes também questionaram a percepção de que a invasão e depredação das sedes dos três Poderes representaram uma "agressão à democracia e ao Estado de Direito".
A ausência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e de 15 governadores de Estado na solenidade contribuiu para a controvérsia, destacando diferentes motivações para evitar o evento e evitar armadilhas político-eleitorais. Uma pesquisa da AtlasIntel divulgada no mesmo dia mostrou que, segundo 1.200 entrevistados em todo o país, 34,2% consideraram "fanatismo e polarização" como principais motivações dos manifestantes, enquanto apenas 18,8% acreditavam que a tomada do poder à força era o principal objetivo.
A narrativa de "tentativa de golpe" também foi contestada por vozes da esquerda, incluindo o ex-deputado federal Aldo Rebelo, que considerou uma "fantasia" atribuir ao governo anterior a tentativa de golpe. Outros, como o ex-ministro Miro Teixeira, expressaram a opinião de que os eventos não representaram uma tentativa real de golpe, embora tenham levantado a questão de identificar os mandantes.
Mesmo o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Fillho, afirmou que, embora houvesse pessoas que desejavam o golpe, o que ocorreu foi um ato de vandalismo. Ele enfatizou que a ausência de um líder claro e a falta de apoio das Forças Armadas indicavam que a democracia não estava ameaçada. Essas vozes contestam a narrativa predominante de "tentativa de golpe" associada aos eventos de 8 de janeiro.
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