À medida que o mundo busca cada vez mais fontes de energia limpa e renovável para combater as emissões de carbono, o Brasil emerge como um promissor destino para a expansão da energia eólica offshore, ou seja, parques eólicos instalados no mar. Embora atualmente o país não possua usinas desse tipo nem um marco regulatório específico para esses empreendimentos, estudos em andamento apontam que o Brasil tem potencial para aumentar sua capacidade eólica em até 10 vezes caso opte por explorar as oportunidades oferecidas pelo mar.
O Status Atual da Energia Eólica no Brasil:
Atualmente, o Brasil conta com 830 parques eólicos onshore, ou seja, em terra, com uma capacidade total de 22,6 gigawatts. No entanto, os estudos em andamento para a implantação de parques offshore revelam um potencial impressionante de 212 gigawatts. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) já está analisando 88 pedidos de licenciamento ambiental em regiões propícias para a instalação de parques eólicos offshore.
Os Estados Mais Promissores:
O estado do Ceará lidera em número de pedidos de licenciamento, com 26 solicitações. Um dos projetos mais ambiciosos, denominado Alpha e desenvolvido pela Alpha Wind, propõe a instalação de 400 aerogeradores e uma capacidade de produção de 6 gigawatts. O Rio Grande do Sul é o segundo estado com mais estudos, com 25 pedidos, seguido pelo Rio Grande do Norte, com 13 pedidos.
O Papel da Petrobras e Parcerias Estratégicas:
A Petrobras se destaca como a empresa com o maior número de pedidos de licenciamento, demonstrando um forte interesse na expansão da energia eólica offshore. Em um anúncio recente, a Petrobras revelou seu interesse em 10 áreas com potencial para instalação de parques eólicos offshore, e também estabeleceu uma parceria com a Equinor para explorar mais seis regiões.
Desafios e Considerações:
Apesar do otimismo em relação à energia eólica offshore, especialistas do setor elétrico expressam preocupações. Eles argumentam que faz mais sentido expandir a matriz eólica onshore, uma vez que as usinas no mar apresentam custos de produção e transmissão muito superiores, além de uma geração elétrica excessiva que não corresponde à demanda brasileira.
Bruno Pascon, sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), explicou que os projetos de eólicas offshore precisam produzir uma grande quantidade de energia para serem viáveis economicamente. Países como Inglaterra, Noruega e Holanda, que possuem usinas offshore, tiveram um forte subsídio do governo para desenvolver esses empreendimentos, o que pode não ser viável em um país com a extensão territorial do Brasil.
O Caminho a Seguir:
Uma desvantagem das usinas onshore é a necessidade de instalação em locais isolados para evitar poluição sonora para os moradores. No entanto, o Brasil tem espaço suficiente para desenvolver um grande sistema eólico onshore, o que não é o caso da maioria dos países europeus.
Pascon argumenta que é mais vantajoso para o Brasil aumentar sua infraestrutura eólica terrestre, devido aos custos mais baixos de produção e transmissão, bem como ao fato de que o país ainda não explorou todo o seu potencial nessa modalidade.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) estima que o Brasil possui capacidade para produzir 800 gigawatts de energia eólica em terra, o que representa apenas 2,8% de seu potencial total. Diante desse cenário, o Brasil enfrenta a importante decisão de aproveitar ao máximo sua capacidade eólica terrestre ou embarcar na emocionante jornada de expansão da energia eólica offshore para atender às crescentes demandas por energia limpa e sustentável.
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