sábado, 29 de outubro de 2022

Corrupção e economia marcam último debate entre Lula e Bolsonaro

O último debate entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), realizado na noite desta sexta-feira (28) na TV Globo, foi marcado por várias trocas de acusações sobre corrupção, violência, (des)respeito à Constituição e fake news entre os dois candidatos, além de embates na área da economia.

Tanto Bolsonaro quanto Lula iniciaram o encontro falando sobre políticas de atualização do salário mínimo. O presidente da República criticou a campanha petista, que tem explorado um projeto — ainda incipiente — de desindexação do salário mínimo.

Outros temas também foram explorados pelos dois candidatos. Confira:

Economia

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Bolsonaro reclamou que a propaganda petista mentiu quando afirmou que o chefe de Poder Executivo iria acabar com 13º e férias, entre outros benefícios.

Lula, por sua vez, rebateu as acusações do chefe do Poder Executivo: “O povo sabe quem é mentiroso”. O petista ainda afirmou que, durante a sua gestão, houve crescimento de 4% ao ano do PIB, contra 1% de Bolsonaro.

“Tive pela frente uma pandemia, o mundo todo sofreu na economia”, respondeu Bolsonaro, argumentando que o Brasil cresceu enquanto outros países tiveram déficits fiscais. “Estamos prontos para decolar. Vamos crescer mais do que a China. O que você quer mais, Lula?”

Bolsonaro também criticou uma cartilha atribuída ao vice de Lula, Geraldo Alckmin, com propostas como redução do Auxílio Brasil, taxação do Pix, fim do abono salarial, aumento da contribuição do MEI, desvinculação do BPC do salário mínimo, revisão da aposentadoria especial, fim da estabilidade do servidor público, fim da cesta básica, taxação de verbas rescisórias e fim da desoneração da folha.

Segundo Jair Bolsonaro, o Brasil está no terceiro mês de deflação, com recordes na geração de empregos. O presidente da República também defendeu seu legado ao afirmar que a balança comercial tem batido sucessivos recordes, o que tem melhorado a arrecadação.

“Estamos tendo recorde de arrecadação, mas diminuindo imposto. Cortamos em 35% o IPI, zeramos impostos federais da gasolina. É um outro momento”, disse Bolsonaro.

Por sua vez, Lula criticou Bolsonaro por não ter cumprido a promessa de ter atualizado a tabela do Imposto de Renda.

Corrupção

O tema corrupção foi explorado em vários momentos do debate. No momento em que os dois discutiram política externa, Bolsonaro aproveitou o momento para criticar as alianças do petista com Nicolás Maduro e com o regime cubano.

“Tua politica externa é com o ditador Maduro, com Cuba. E você pegando dinheiro do BNDES e mandando para fora. Por que Belo Horizonte não tem metrô e em Caracas, capital da Venezuela, tem? Com dinheiro nosso. Por que você priorizou fazer obras fora do Brasil e não aqui dentro?”, disse o presidente.

O presidente da República ainda aproveitou para dizer que, por causa dos esquemas de corrupção do PT, a Petrobras teve um rombo de R$ 900 bilhões.

“[O PT] ainda roubou o fundo de pensão da Petrobras, da Caixa Econômica, dos Correios. Você deixou R$ 400 bilhões com essa política de emprestar para outros países pelo BNDES. Deu US$ 1 bilhão para Cuba e estamos levando calote. Que falta de vergonha. Sabe qual a garantia? Charutos!!! Você não tem vergonha na cara”, disse Bolsonaro.

Lula ficou sem respostas.

Saúde

Durante o debate, houve embates em relação à condução do governo federal ao longo da pandemia de Covid. Lula afirmou que Bolsonaro foi negligente e não investiu na vacinação e ainda acusou o mandatário de ter reduzido os recursos para o programa Farmácia Popular.

O presidente jogou a responsabilidade para o Congresso. Sobre a vacina, Bolsonaro alegou não ter comprado imunizante antes pela falta de disponibilização do produto no mercado. Ele ainda provocou Lula: “Se você tomou a vacina, agradeça a mim”.

Bolsonaro ainda criticou o programa “Mais Médicos” e argumentou que os recursos do programa foram utilizados, basicamente, para sustentar a ditadura cubana.

Violência x Roberto Jefferson

O ex-deputado federal Roberto Jefferson também foi tema do debate. O ex-presidente Lula tentou associá-lo ao atual chefe do Poder Executivo. No domingo último (23), o petebista atirou em policiais federais após eles tentarem cumprir mandado de prisão expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Em vários momentos do encontro, o petista tentou vincular o episódio à política armamentista defendida pelo governo federal. O presidente, por sua vez, argumentou que Jefferson também foi um aliado petista e que tratou o ex-deputado como “bandido” após o episódio.

Pauta de costumes

A chamada pauta de costumes ficou em plano secundário neste segundo e último debate presidencial do segundo turno. Dessa vez, o tema foi puxado por Lula.

O petista trouxe à luz o discurso de Jair Bolsonaro, em 1992, em que o então deputado defendeu o uso da pílula do aborto como política de saúde pública. O candidato à reeleição confirmou a fala, mas disse que mudou de ideia.

“Trinta anos atrás [eu dei aquele discurso], eu posso mudar — mas você, há poucos dias, falou que as madames iam fazer aborto lá fora, e aqui as mulheres faziam outras coisas”, disse Bolsonaro. “Você é abortista convicto. Assume que você é abortista convicto, Lula, e que não tem nenhum respeito contra a vida humana.”

Viagra

A aquisição de Viagra pelas Forças Armadas também virou tema do debate da TV Globo. O ex-presidente Lula usou o assunto para provocar o presidente da República.

“Sabe o que você fez a mais, que você poderia explicar para o povo? Comprou 35 mil caixas de Viagra, para dar para as Forças Armadas. Explica o porquê, se o povo não tem sequer fraldão geriátrico para as pessoas mais velhas de idade, que você retirou”, declarou o ex-presidente.

“O Viagra é usado para tratamento de próstata. Você não usa Viagra?”, respondeu o presidente da República.


Antagonista

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