A corrida pela vacina contra
o novo coronavírus teve um marco nesta terça-feira. A vacina da
farmacêutica Moderna, uma das mais promissoras do mundo, foi finalmente
publicada no prestigioso New England Journal of Medicine. As ações da companhia
subiram abriram em alta de 12% nesta quarta-feira com a divulgação dos
resultados do estudo. As ações já tinham quadruplicado este ano após o início
dos testes da vacina, para 29 bilhões de dólares. Os bons resultados dos testes
também impulsionaram o Ibovespa e índices americanos na manhã desta
quarta-feira.
Na publicação, a Moderna
confirmou o que se esperava desde que as primeiras notícias surgiram, há dois
meses. A vacina é majoritariamente segura e gerou respostas de imunização que
podem proteger os pacientes. A autarquia de saúde do governo americano afirmou
que as descobertas corroboram a importância de novas, e decisivas, fases de
testes. O governo
americano já demonstrou interesse em comprar 300 milhões de doses de vacina em
janeiro de 2021.
A Moderna vai agora começar um
teste com 30.000 pessoas começando no dia 27 de julho que vai dar a resposta
final se a vacina funciona ou não. A Moderna foi a primeira
farmacêutica a fazer testes em humanos e, com essa notícia de hoje, pode ser a
primeira a lançar comercialmente seu produto. A companhia aposta numa linha
própria, usando RNA mensageiro que ensinaria o corpo humano a produzir
anticorpos “em branco” para impedir o vírus antes que ele de fato inicie a
infecção.
Na publicação, a Moderna divulgou
que conduziu uma primeira fase de testes com 45 adultos entre 18 e 55 anos, que
receberam três diferentes dosagens. A resposta de anticorpos foi
maior com a maior dosagem, mas todos os testados conseguiram proteção contra a
covid-19. O percentual de efeitos adversos (21%) foi considerado aceitável
pelos pesquisadores. Uma segunda fase de testes, com 600 adultos, está em
andamento.
As divulgações dos avanços
transformaram a Moderna num fenôneno do mercado financeiro: seu valor de
mercado quadruplicou esse ano, para 29 bilhões de dólares. Além da Moderna,
três outras pesquisas estão nariz a nariz na disputa pelo pioneirismo.
A Pfizer divulgou
semana passada que sua vacina experimental, feita em parceira com a startup
BioNtech, deu
bons resultados com 45 voluntários, o que credencia a companhia a produzir
até 1 bilhão de doses até 2021.
Outras duas vacinas têm o Brasil como
campo de testes. A chinesa Sinovac, por sua vez, fechou
uma parceria com o governo de São Paulo, que começou ontem a recrutar 9.000
voluntários para uma terceira fase de testes (a mesma em que entrará a
Moderna). A Astrazeneca, em parceria com a universidade Oxford, também tem
testes em curso no Brasil, e afirma que a vacina pode ficar disponível ainda
este ano. A pretensa vantagem da companhia é usar uma plataforma já testada em
vírus como Mers e Ebola.
Testes clínicos de uma
vacina que está sendo desenvolvida na Rússia contra
o novo coronavírus também foram concluídos, segundo a
Universidade de Sechenov. A chefe da pesquisa, Elena Smolyarchuk,
afirmou à agência de notícias russa TASS que a pesquisa
mostrou que a vacina é efetiva contra a doença. Apesar disso, a vacina,
que é desenvolvida pelo Gamaleya Institute, consta na lista da Organização
Mundial da Saúde (OMS) como em “fase 1 de testes”.
Revista Exame
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