O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o primeiro dia do
julgamento sobre a validade da execução provisória de condenações
criminais, conhecida como prisão em segunda instância. Na tarde de hoje
(17) foram ouvidas as manifestações da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e dos partidos que também entraram com as ações para anular as
prisões. Os votos dos 11 ministros, além da manifestação da
Procuradoria-Geral da República (PGR), serão proferidos na sessão de
quarta-feira (23).
A Corte começou a julgar definitivamente três ações declaratórias de
constitucionalidade (ADCs), relatadas pelo ministro Marco Aurélio e
protocoladas pela OAB, pelo PCdoB e pelo antigo PEN, atual Patriota.
Durante as sustentações, o advogado Juliano Breda, representante da
OAB, reafirmou que a entidade pede o respeito à Constituição. Segundo
Breda, o propósito dos constituintes foi impedir o cumprimento da pena
antes do fim de todos os recursos.
"O entendimento da OAB é no sentido da reafirmação da Constituição da
República. É no sentido da reafirmação da independência e da liberdade
do Poder Legislativo. Entende a OAB que em nome
da força normativa da Constituição, em nome da afirmação histórica das garantias constitucionais, a ação declaratória deve ser julgada procedente", defendeu Breda.
da força normativa da Constituição, em nome da afirmação histórica das garantias constitucionais, a ação declaratória deve ser julgada procedente", defendeu Breda.
O advogado José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e
representante do PCdoB, afirmou que o texto constitucional é claro ao
definir que trânsito em julgado significa uma decisão irrecorrível.
"Podemos discordar da Constituição, podemos dizer que ela é
retrógrada, que é atrasada, mas é essa Constituição que juramos
defender. Essa Constituição cidadã que nos garante o Estado de Direito.
Por isso, há que se respeitar a Constituição", disse.
O partido Patriota mudou seu entendimento. De acordo com o advogado
Heracles Marconi Goes Silva, a Corte deve dar uma "decisão satisfatória à
sociedade" diante dos "novos ares" após o processo eleitoral. "Não
deixo de ser garantista por defender o posicionamento punitivista do
partido Patriota", disse Silva.
Entenda
O entendimento atual do Supremo permite a prisão após condenação em
segunda instância, mesmo que ainda seja possível recorrer a instâncias
superiores. No entanto, a OAB e os partidos sustentam que o entendimento
é inconstitucional e uma sentença criminal somente pode ser executada
após o fim de todos os recursos possíveis, fato que ocorre no STF e não
na segunda instância da Justiça, nos tribunais estaduais e federais.
Dessa forma, uma pessoa condenada só vai cumprir a pena após decisão
definitiva do STF.
A questão foi discutida recentemente pelo Supremo ao menos quatro
vezes. Em 2016, quando houve decisões temporárias nas ações que estão
sendo julgadas, por 6 votos a 5, a prisão em segunda instância foi
autorizada. De 2009 a 2016, prevaleceu o entendimento contrário, de modo
que a sentença só poderia ser executada após o Supremo julgar os
últimos recursos.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o julgamento terá
impacto na situação de 4,8 mil presos com base na decisão do STF que
autorizou a prisão em segunda instância. Os principais condenados
Operação Lava Jato podem ser beneficiados, entre eles, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril do ano passado, na
Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após ter sua condenação
por corrupção e lavagem de dinheiro confirmada pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF4), no caso do tríplex do Guarujá (SP), além do
ex-ministro José Dirceu e ex-executivos de empreiteiras.
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