
A regra do teto de gastos, que
estabelece limites para o crescimento do gasto federal, pode impor perdas de R$
9,46 bilhões à área de Saúde em 2020, segundo cálculo feito pelo G1 e
confirmado pela Secretaria de Orçamento Federal, ligada ao Ministério da Economia.
Na proposta orçamentária de 2020,
encaminhada ao Congresso Nacional em agosto deste ano, o governo propôs que a
área de saúde conte com R$ 122,9 bilhões no ano que vem.
Esse valor é R$ 920 milhões acima
do mínimo fixado pela regra vigente do teto de gastos públicos – ou seja, o
valor do piso do ano anterior corrigido pela inflação.
Pela regra que vigorava
anteriormente, entretanto, o valor mínimo (piso) que deveria ser destinado à
saúde em 2020 era de 15% da receita corrente líquida – estimada, na proposta de
orçamento, em R$ 882,4 bilhões para o próximo ano.
Com isso, o piso, pela norma
anterior ao teto, deveria ser de R$ R$ 132,3 bilhões.
A diferença de R$ 9,46 bilhões
entre o valor que deveria ser aplicado pela regra anterior ao teto de gastos
(R$ 132,3 bilhões) – que já perdeu validade legal – e o valor proposto pelo
governo (R$ 122,9 bilhões) equivale à possível perda de recursos no próximo
ano.
Essa destinação menor de recursos
para saúde no ano que vem se confirmará se o Congresso Nacional aprovar os
valores propostos pelo governo.
Entretanto, pela regra do teto de
gastos, se o Legislativo quiser aumentar o orçamento da área de saúde, terá de
cancelar despesas em outros setores em igual proporção.
Essa, porém, não seria uma tarefa
fácil, porque o “cobertor” já está curto.
“Isso fica cada vez mais difícil.
Porque todas as áreas estão sofrendo contingenciamento [bloqueio] grande. Como
estamos chegando perto do limite mínimo [para evitar paralisia da máquina
pública], tirar de uma área para colocar em outra fica cada vez mais uma não
possibilidade”, avaliou Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal
Independente (IFI), ligada ao Senado Federal.
Em 2017, o então ministro do
Planejamento, Dyogo Oliveira, já alertava que, sem a aprovação da reforma da
Previdência Social – que tramita somente neste ano no Congresso –, a regra que
criou o teto para gastos públicos se tornaria”incompatível” com a realidade
orçamentária do país a partir de 2020.
Isso porque foi estabelecido um
limite para gastos, e as despesas obrigatórias – que não podem ser cortadas
pelo governo, como aposentadorias e salários de servidores, por exemplo – estão
crescendo acima da inflação nos últimos anos e ocupando um espaço maior no
orçamento.
Em 2020, essas despesas
obrigatórias devem representar cerca de 94% de todos os gastos – restando pouco
espaço para os gastos discricionários (que podem ser alterados pelo governo).
G1
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