Henrique Alves (MDB) e Paulo Wagner estão na lista
dos ex-deputados federais – do país, e não apenas do RN – que mais
ganham com aposentadoria da Câmara: cada um recebe R$ 33.763,00.

O levantamento foi feito pelo portal Congresso em Foco, que listou o valor como sendo o maior recebido entre os ex-parlamentares aposentados do Brasil.
Henrique Eduardo Alves foi ex-presidente da Câmara
dos Deputados, e parlamentar da Casa entre 1971 e 2015 – mais de 40 anos
de Parlamento, o que justifica o valor de sua aposentadoria. Condenado
em junho do ano passado por fraudes no FI-FGTS da Caixa Econômica e alvo
de outros processos, ele passou quase um ano preso em razão da Lava
Jato.
Paulo Wagner, por sua vez, foi eleito para apenas um
mandato e se aposentou por invalidez. A condição foi aprovada por
Henrique, na época presidente da Casa.
Outro ex-deputado potiguar que integra a lista é Ney Lopes. Ele recebe R$ 18.256,14 de aposentadoria.
Quadro geral
Atualmente, 499 ex-deputados federais ganham, juntos,
R$ 7,18 milhões mensais em aposentadorias, uma média de R$ 14,39 mil
por beneficiário – quase três vezes o limite proposto (veja a lista
completa dos aposentados e seus respectivos benefícios mais abaixo).
Entre eles, apenas sete (1,4%) recebem abaixo do teto
do INSS. Um grupo maior, formado por 17 beneficiários, tem direito a
mais de R$ 33 mil por mês, valor pago aos parlamentares no exercício do
mandato. Os dados não consideram os valores repassados àqueles que se
aposentaram pelo Senado e foram extraídos da folha de pagamento da
Câmara, referente a fevereiro, obtida pelo Congresso em Foco.
Entre os que ganham o teto estão parlamentares que
deixaram o Congresso no último dia 31 depois de vários mandatos, como
Miro Teixeira (Rede-RJ), deputado por 11 vezes, Simão Sessim (PP-RJ) e
Bonifácio de Andrada (DEM-MG). Esses três, por exemplo, chegaram à
Câmara ainda na década de 1970 e permaneceram na Casa por pelo menos 40
anos. Para receber o benefício integral é preciso acumular 35 anos de
atividade (ou seja, nove mandatos na Câmara).
O rol de beneficiários também tem políticos que
frequentaram o noticiário policial recentemente, como Roberto Jefferson
(PTB-RJ), Valdemar Costa Neto (PR-SP), que cumpriram pena pelo mensalão,
e Nelson Meurer (PP-PR), primeiro condenado pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) na Operação Lava Jato, entre outros. O ex-deputado e
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP), sentenciado pela Justiça
em ambos os esquemas, também é aposentado pela Câmara.
Quem está na cadeia e começa a desfrutar do benefício
da Câmara é o ex-deputado Geddel Vieira Lima (MDB-BA), que no próximo
dia 14 de março completa a idade mínima de 60 anos para a aposentadoria
parlamentar. Seu nome já aparece na folha de pagamento de fevereiro,
apto a receber R$ 20.354 por mês. Geddel está preso desde setembro de
2017, após a Polícia Federal (PF) encontrar mais de R$ 51 milhões em
espécie em um imóvel ligado a ele.
O valor de cada aposentadoria dos congressistas é
calculado sobre o tempo de mandato. A cada ano cumprido na Casa, o
deputado ou senador acumula 1/35 do salário (R$ 964) para a futura
aposentadoria. No caso dos senadores, basta um mandato (oito anos) para
ter direito a uma aposentadoria de R$ 7.717, valor quase R$ 2 mil acima
do teto do INSS. Para deputados, em geral, só compensa aderir ao plano
com no mínimo dois mandatos.
O regime com o qual os parlamentares contribuem hoje é
o Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC). A adesão ao
plano é opcional. Para receber aposentadoria atualmente, o parlamentar
precisa alcançar 60 anos de idade e 35 de contribuição, seja para a
previdência parlamentar ou para o regime geral do INSS, por exemplo.
O PSSC foi criado em 1999 após a extinção do antigo, o
Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), que foi liquidado
naquele ano e repassou sua dívida à União. São os cofres da União que
arcam com os compromissos desde então.
Apesar de extinto há 20 anos, este programa antigo
ainda pesa no erário: a fatia prevista para cobrir o IPC no Orçamento da
União em 2019 é de R$ 161,25 milhões, somando os repasses a
ex-deputados e ex-senadores. É o IPC que ainda responde pela maioria dos
benefícios: dos 499 ex-deputados aposentados, 433 (ou 86,77%) estão
vinculados ao plano antigo, ou seja, contrataram a aposentadoria
especial ainda no século passado. Há quarto anos, o Congresso em Foco
mostrou que o IPC já havia engolido mais de R$ 2 bilhões em dinheiro
público desde a extinção.
Esse quadro demonstra que a reforma do governo
Bolsonaro, mesmo se aprovada nesses termos, ainda está longe de eliminar
os desembolsos do programa. O texto determina que todos os políticos
passem para o regime geral do INSS, mas o PSSC e o antigo IPC
continuarão pagando aposentadorias até o último beneficiário vivo.
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