
A frase “Make America Great Again” foi o slogan usado por
Donald Trump em sua campanha eleitoral de 2016 Foto: Mike Segar /
Reuters
Uma brasileira foi presa por arrancar um boné pró-Trump da cabeça de
um homem no Estado americano de Massachusetts e, agora, corre o risco de
ser deportada.
Há duas semanas, Rosiane Santos, de 41 anos, foi filmada tirando de
um americano o boné que ele usava com a frase “Make America Great Again”
(Faça a América Grande de Novo), slogan usado por Donald Trump em sua
campanha eleitoral de 2016, em um restaurante mexicano.
Na delegacia, ela afirmou que não acreditava que o indivíduo havia
tido permissão para entrar em um estabelecimento mexicano usando um boné
como aquele, segundo um relatório do Departamento de Polícia de
Falmouth.
Bryton Turner se identificou como vítima do ataque de Rosiane em uma
nota enviada à emissora NBC News, e seu nome é mencionado no relatório
policial do caso. Ele contou que a brasileira começou a “assediá-lo
verbalmente” logo que ele entrou no restaurante. “Tudo o que eu falei
foi ‘eu posso usar esse boné em qualquer lugar que eu quiser, estamos na
América’”, disse.
O vídeo do episódio, que foi publicado no Facebook e depois retirado
do ar, mostra Turner sentado no que parece ser um bar e filmando a si
mesmo enquanto Rosiane caminha atrás dele. “Veem isso aqui? Esse é o
problema”, diz ele na gravação. “Pessoas ignorantes como essa. Estou
apenas tentando sentar aqui e ter uma boa refeição, e olhem isso.” Neste
momento, ela aborda Turner por trás, bate no boné dele e começa a
disparar alguns palavrões. “Esse é o problema com a nossa América hoje
em dia. As pessoas são ignorantes e querem atacar as que são educadas.”
Rosiane, que estava bêbada, foi presa sob acusações de conduta
desordeira e agressão simples – duas contravenções – e foi retirada do
restaurante. Ao sair do local, ela agrediu fisicamente o americano e
arrancou seu boné.
Ela foi solta após pagar a fiança de US$ 40 e se declarou inocente.
Mas agora Rosiane – que vive nos Estados Unidos sem documentação legal –
enfrenta a possibilidade de ser deportada para o Brasil.
Funcionários da Agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na
sigla em inglês) prenderam a brasileira nessa terça-feira 26 de
fevereiro, disse um porta-voz em um comunicado, acabou sendo liberada e
agora está em processo de remoção no tribunal federal de imigração. Ela
deve comparecer à Corte em uma data a ser anunciada.
Ainda não se sabe como o órgão de imigração soube do caso de Rosiane.
A polícia de Falmouth disse ao jornal The Washington Post que não sabia
do status migratório da brasileira no momento em que ela foi presa e
não notificou a agência.
De acordo com um representante policial, é possível que os
funcionários tenham sido notificados quando o nome de Rosiane entrou no
sistema. “O ICE não discute publicamente sobre ferramentas de busca e
inteligência e métodos que nossos agentes e funcionários podem usar em
seu trabalho”, explicou John Mohan, porta-voz do órgão para a região da
Nova Inglaterra.
A advogada de Rosiane, Katarina Kozakova, afirmou ao site Boston.com
que a brasileira é casada com um cidadão americano e está aguardando a
aprovação de seu green card. O envolvimento do ICE no caso implica que a
solicitação do documento será revisada agora por um juiz de imigração,
ao invés do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA. “Esta é a única
mudança que essa prisão custou a Rosiane em termos de imigração”,
ressaltou Katarina.
Estadão, com W. Post
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