
Entre 2015 e 2018, 4.560 jovens entre 16 e 29 anos foram assassinados no
Rio Grande do Norte. O aumento entre os anos foi de 12%, mantendo uma
média diária de 3,12 homicídios. Deste total, 95% eram homens, o que
equivale a 4.333 pessoas, e 5% mulheres, ou seja, 227 vítimas. O estudo
aponta que a maior parte dos casos, 74%, está relacionada com violência
interpessoal, em segundo lugar está o envolvimento com grupos criminosos
e drogas, 11,5%, e em terceiro lugar vem o conflito policial, que
vitimou 7,2% dos jovens. O levantamento foi publicado no especial:
Mortandade da juventude, divulgado pelo Observatório da Violência do RN
(Obvio). O cenário das mortes levantado pelo Obvio traça um perfil dos jovens que
estão morrendo: são pessoas solteiras (86,4%), pardas ou negras
(90,1%), com baixo grau de escolaridade. Segundo o levantamento, 57%
tinham escolaridade indefinida, 27% apenas o ensino fundamental, 14% o
ensino médio e apenas 0,8%, ou seja, 37 pessoas tinham o ensino
superior. A maioria dos jovens, 63,4%, não tinha atividade remunerada e
13% recebiam até um salário mínimo.
A região do Rio Grande do Norte com maior
concentração de assassinato de jovens é a Leste Potiguar, onde 2.834
jovens entre 16 e 29 anos foram mortos entre 2015 e 2018. Em segundo
lugar vem a Região Oeste Potiguar com 1.000 mortes, o que representa
21,9% dos crimes. Na sequência vem a região Agreste, com 497 das mortes
(10,9%) e 229 casos na região Central (5%). As cidades que concentraram
com mais mortes foram Natal, com 1.299 casos, Mossoró com 499 mortes e
Parnamirim, com 355 homicídios.
Em Natal, a zona Norte foi a região com mais
crimes, 582 ao longo de três anos. Em seguida está a zona Oeste com 468
mortes, leste com 144 casos, sul em última colocação com 83 mortes. Nos
hospitais, vítimas da violência somaram 21 pessoas. O bairro de Nossa
Senhora da apresentação registrou 165 casos, ocupando a liderança,
seguido de Felipe Camarão com 121 assassinatos, Pajuçara com 115 mortes e
Lagoa Azul, com 114 vítimas.
O especialista em segurança pública e
coordenador do Obvio e Coordenadoria de Informações Estatísticas e
Análises Criminais (Coine – ligado à Secretaria Estadual de Segurança),
Ivênio Hermes, classifica os dados como alarmantes e servirão como uma
referência para o desenvolvimento de ações para minimizar a morte de
jovens. “Mais do que simplesmente criminalizar o jovem ou reconhecê-lo
apenas como dado estatístico, é necessário se antecipar aos elementos
desencadeadores da vitimização da juventude”, avaliou Ivênio Hermes.
Os próximos quatro anos, segundo o especialista em
segurança pública, trarão a oportunidade de mudar, de mostrar que a
mudança virá da geração de oportunidades, de emprego e renda, de lazer,
educação e cultura, “de resgate daqueles que vivem à margem das
políticas públicas e que quando tem contato com elas são apenas para a
recepção de um controle social de um país que as trata os jovens como
problema e não como parte das soluções para o futuro da nação”, comentou
Hermes.
Perfil das vítimas
4.333 eram homens (95%)
4.333 eram homens (95%)
227 eram mulheres (5%)
Estado civil
3.941 eram solteiros (86,4%)
3.941 eram solteiros (86,4%)
89 eram casados (2%)
235 eram união consensual (5,2)
286 era ignorado (6,3%)
Cor de pele
2.574 eram pardos (56,4%)
2.574 eram pardos (56,4%)
1.535 eram negros (33,7%)
448 eram brancos (9,8%)
Escolaridade
2.639 tinham escolaridade ignorada/indefinida (57,9%)
2.639 tinham escolaridade ignorada/indefinida (57,9%)
1.246 tinham ensino fundamental (27,3%)
638 tinham ensino médio (14%)
37 tinham ensino superior (0,8%)
Renda estimada
2.893 não tinham atividade remunerada (63,4%)
2.893 não tinham atividade remunerada (63,4%)
598 recebiam até um salário mínimo (13,1%)
865 recebiam até dois salários mínimos (19%)
169 recebiam até quatro salários mínimos (3,7%)
17 recebiam até 6 salários mínimos
18 recebiam até oito salários mínimos (0,4%)
Regiões do RN
2.834 (62,1%) ocorreram na região Leste Potiguar
2.834 (62,1%) ocorreram na região Leste Potiguar
497 (10.9% ) ocorreram no Agreste Potiguar
229 (5%) ocorreram na região Central Potiguar
1.000 (21,9%) ocorreram na região Oeste Potiguar
Ranking das cidades que concentram os crimes
Natal - 1.299 mortes
Mossoró - 499 mortes
Parnamirim - 355 mortes
São G. do Amarante - 281 mortes
Ceará-Mirim - 206 mortes
Macaíba - 185 mortes
Extremoz - 102 mortes
Outros - 952
Mortes nas zonas administrativas de Natal
582 mortes ocorreram na ZN (44,8%)
582 mortes ocorreram na ZN (44,8%)
468 mortes ocorreram na ZO (36,1%)
144 morres ocorreram na ZL (11,1%)
83 mortes ocorreram na ZS (6,4%)
21 mortes ocorreram em hospitais (1,6%)
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