Arnon de Mello foi governador de Alagoas de 1951 a 1956. Foto: Reprodução
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Os
senadores Arnon de Mello e Silvestre Péricles de Goés Monteiro se
desentendiam com frequência no Congresso, numa tentativa de medir forças
– ambos tinham Alagoas como estado de origem.
Em
4 de dezembro de 1963, Arnon abriu os trabalhos com a seguinte frase:
“Senhor presidente, com a permissão de Vossa Excelência, falarei de
frente para o senador Silvestre Péricles de Góes Monteiro, que me
ameaçou de morte”.
Silvestre
não aceitou o desaforo de seu inimigo político e atacou verbalmente
Arnon, que sacou um revólver e disparou várias vezes. Nenhum dos tiros
atingiu Silvestre, que também estava armado, “mas jogou-se no chão e
rastejou entre as fileiras de poltronas com seu revólver na mão”, como
relata reportagem do Jornal do Brasil.
Dois
tiros, no entanto, acertaram José Kairala, senador pelo PSD do Acre,
que, junto com João Agripino, tentava parar a briga. Kairala, de 39
anos, substituía José Guiomard, do mesmo partido. Eram suas últimas
horas como senador – devolveria o cargo no dia seguinte ao titular. Ele
foi baleado no abdômen na frente do filho pequeno, da esposa e da mãe,
que o prestigiavam no último dia de trabalho. Embora tenha sido
socorrido, Kailara morreu no mesmo dia, poucas horas depois.
Pressionados
pela população, os demais parlamentares aprovaram, por 44 votos a 4, a
prisão dos dois colegas atiradores. Apesar do flagrante, assim como
ocorre hoje, os outros senadores precisavam dar o aval para que Arnon e
Silvestre fossem detidos. Não demorou para serem soltos e em 1964 foram
declarados inocentes pelo Tribunal do Júri de Brasília.
Depois
de deixar a prisão, Arnon foi nomeado novamente em 1970 para o mesmo
cargo que ocupara antes. E, quando faleceu, em 1983, ainda representava o
estado de Alagoas no Senado.
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