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Roger Waters exibe mensagem sobre neo-facismo mencionando o nome do candidato à presidência Jair Bolsonaro, durante show no Allianz Parque, em São Paulo - 09/10/2018Foto de: Twitter/Reprodução |
Fundador do Pink Floyd, o inglês Roger Waters
foi vaiado por apoiadores de Jair Bolsonaro no primeiro show de sua
turnê Us + Them pela América Latina, na noite desta terça-feira 9, em
São Paulo. Em um espetáculo de quase três horas com um repertório
formado por clássicos da banda e uma série de efeitos visuais, uma boa
parte das 45 mil pessoas que foram Allianz Parque manifestou sua
insatisfação com o caráter politizado que marca as apresentações e a
carreira do músico veterano.
A tensão no público começou ao
final da primeira metade do show, logo após a apresentação da clássica
Another Brick in The Wall, uma contundente crítica ao autoritarismo em
sala de aula e cujo refrão foi cantado por um coral de crianças
brasileiras com uma camiseta escrito “Resist”. Foi a senha para parte do
público entoar um grito de “Ele não! Ele não!”, contra o presidenciável
Jair Bolsonaro — e que foi devolvido com um “Mito! Mito!”.
No intervalo, o telão de quase
mil metros quadrados passou a exibir mensagens com críticas que atingiam
de Mark Zuckerberg a Israel, contra a tortura e a favor dos direitos
humanos. O alerta final foi para o que chamou de ascensão do neofascismo
em países como os EUA, representado por Donald Trump; Russia, com
Vladimir Putin; ou Hungria, com o premiê Viktor Orbán. O Brasil entrou
na lista com o nome de Bolsonaro.
Mais uma vez vaias e aplausos dividiram o público até a retomada do show com a sequência das músicas Pigs e Dogs,
em que o presidente americano foi o alvo preferencial do sarcasmo de
Waters. Se a metade favorável a Bolsonaro manteve alguma resignação
enquanto Trump era ridicularizado nas projeções do telão, ela perdeu a
paciência ao final da música Eclipse.
Neste momento do show, raios
laser formaram sobre a plateia o prisma icônico da capa de The Dark Side
of the Moon até que surgiu no palco a hashtag #EleNão. As vaias
ganharam força e Roger Waters precisou esperar a reação diminuir para
conseguir falar — não sem ser interrompido como quando mencionou sua
crença nos direitos humanos. Da plateia saíam gritos de “Vai pra Cuba!”
ou “Lixo!”.
“Vocês têm uma eleição
chegando. Eu sei que não é da minha conta, mas eu preciso dizer que sou
contra o fascismo”, afirmou, acrescentando que todos têm o direito de
protestar e que é contra a defesa da ditadura. As vaias em nada
alteraram a programação do show — Waters admitiu que esperava a reação
— que voltou a exibir #EleNão durante a execução de Mother, penúltima
música do show.
Roger Waters ficará no Brasil
até depois do segundo turno. Serão ainda mais sete apresentações: um
show extra em São Paulo nesta quarta; Brasília (13/10); Salvador
(17/10); Belo Horizonte (21/10), Rio de Janeiro (24/10); Curitiba
(27/10); e Porto Alegre (30/10). Em novembro, ele segue com sua turnê
para o Uruguai, Argentina, Chile, Lima, Colômbia e Costa Rica e México.
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