A cidade de Caicó, distante 282 quilômetros de
Natal, recebe 60 venezuelanos refugiados nesta quarta-feira, 3. Todos
estavam em Roraima e estão sendo transferidos em uma nova etapa do
processo de interiorização de solicitantes de refúgio. Eles ficarão
alojados em cinco casas da “Aldeias Infantis SOS”, uma organização
comunitária global com atuação no Brasil desde 1967 e presente em Caicó
desde 1979. A cidade vai ser a 16ª do Brasil e a primeira do Rio Grande
do Norte a receber refugiados.
Os 60 refugiados formam 13 famílias. Segundo Francisco de Assis Santiago
Júnior, da Aldeia Infantis em Caicó, o acolhimento busca suprir as
necessidades básicas dos venezuelanos (moradia, alimentação, educação) e
integrá-los à cidade. O objetivo final, de acordo com Santiago, é que
eles alcancem uma “vida autônoma e integrada, social e financeiramente”.
“A expectativa é que eles sejam integrados e possam ir para o mercado
de trabalho”, disse. “Eles têm qualificação para o emprego, o que
precisam é desse auxílio primeiro”.
Os refugiados que vão para Caicó são
crianças, adolescentes e os respectivos pais e responsáveis. Uma equipe
da Aldeia Infantil SOS, formada por assistentes sociais, educadores
sociais e outras profissões, ficará responsável pela integração à vida
comunitária, como a aproximação com a cultura, o domínio da língua
portuguesa e participação em projetos de saúde, empregabilidade e
geração de renda. A equipe faz um diagnóstico inicial de todas as
famílias, identificando as competências e habilidades de cada membro.
A transferência faz parte da interiorização de
refugiados, iniciativa criada para ajudar venezuelanos em situação
considerada de extrema vulnerabilidade. Antes de serem transferidos, os
refugiados precisam aceitar passar pelo processo e, posteriormente, são
vacinados, submetidos a exame de saúde e regularizados no país – com CPF
e Carteira de Trabalho.
Em dez etapas do trabalho, que tem a Casa
Civil à frente, foram transferidos 2.328 imigrantes de Roraima para 15
cidades. São Paulo recebeu o maior número, com 445 pessoas transferidas e
alojadas em oito abrigos. “Quando as pessoas percebem que a chegada
delas movimenta a economia e fortalece a cidade, essas famílias são
muito bem integradas na comunidade. São pessoas boas, que tinham casa,
empregos, vizinhos, festas de aniversário, amigos, comunidade; e tiveram
que deixar tudo isso para trás”, afirma Sérgio Marques, subgestor
nacional da SOS Brasil.
Para esse processo de interiorização, segundo a
Aldeias Infantis SOS, é preciso interesse das cidades de destino e a
existência de vagas em abrigos ou projetos sociais. Reuniões prévias com
autoridades locais e coordenação dos abrigos definem detalhes sobre
atendimento de saúde, matrícula em crianças em escolas, ensino da Língua
Portuguesa e cursos profissionalizantes.
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