Estudantes da rede pública receberão livros de literatura em 2019,
além do material didático, de acordo com o novo formato do Programa
Nacional do Livro e do Material Didático Literário (PNLD). A escolha das
obras pelas escolas credenciadas teve início no último dia 25 e irá até
o dia 8 de outubro.
De acordo com o Ministério da Educação, a escolha será feita
pelas escolas, a partir de uma lista, e levará em conta a opinião dos
professores e diretores de escola. No catálogo para o ensino médio,
estão livros como a biografia da paquistanesa Malala – a mais jovem a
receber um Prêmio Nobel da Paz; o clássico de ficção Admirável Mundo Novo, de Aldous Juxley; e poemas de Cecília Meireles.
Até este ano, o programa destinava as obras literárias apenas para
as bibliotecas e para serem usadas em salas de aula. A previsão é que os
estudantes recebam os dois livros literários.
Para a assessora de projetos da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, Andressa Pellanda, é importante o aspecto individual da
leitura, mas o papel didático da biblioteca não se deve ser esquecido.
Ela defende que a escolha dos livros deve ser a mais democrática
possível, envolvendo não só os professores, como prevê o programa, e que
os alunos também sejam consultados.
“Sempre falamos da necessidade sobre o processo de gestão democrática
dentro da escola. Então, a escolha dos livros didáticos também tem que
passar por isso, existe todo um trabalho que é feito e pensado para que
as escolas possam ter de fato gestão democrática”, disse. “Se os
professores, os diretores, os coordenadores pedagógicos puderem discutir
com os estudantes a escolha dos livros de literatura e também os livros
didáticos, isso sempre é muito mais frutífero porque uma gestão
democrática gera apropriação de cultura, então gera educação e
aprendizado”, acrescentou.
Na avaliação de Cândido Grangeiro, sócio de uma pequena editora que
teve livros escolhidos para o catálogo literário do programa, houve
conquistas com o novo modelo. “Isso é uma conquista enorme [o livro
ficar com o estudante] porque o aluno tem um acesso maior à literatura”,
disse, ressaltando ser mais um incentivo para publicações no mercado
editorial.
Os professores terão acesso a um guia com resenhas das obras
selecionadas pelo programa e a escolha será feita após uma reunião de
professores e diretoria da escola. Ainda de acordo com as regras, uma
mesma editora não poderá ter dois livros escolhidos. As obras serão
devolvidas às escolas depois do período de um ano para reutilização.
Cada editora pode inscrever quatro obras para serem selecionadas para o
catálogo.
O PNLD não permite que as editoras, com obras selecionadas para o
catálogo, façam ações promocionais, distribuam brindes ou visitem as
escolas. Grangeiro alerta para um disputa desigual entre as grandes e
pequenas editoras. “Essas editoras [grandes] trazem toda uma tradição de
chegada, um poder comercial mesmo, tem distribuidor, tem dinheiro,
enfim, de chegar nas escolas e conseguir concentrar todas as adoções [de
livros]. As editoras pequenas não dominam esse universo comercial, nem
tem recursos financeiros para esses estudos. A disputa é extremamente
desigual”, disse.
*Colaborou Nelson Lin, da Rádio Nacional
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