Levando-se em conta que o tempo de
abastecimento é de 5 dias, o prejuízo pode chegar a US$ 100 mil por cada
navio atracado no porto em Areia Branca

O descaso do governo federal com os portos está levando o Brasil a
perder competitividade e no Rio Grande do Norte os prejuízos podem ser
sentidos no Porto Ilha, no município de Areia Branca, após embargo
imposto pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis
(Ibama). O Porto Ilha, local onde quase todo o sal marinho produzido no
Brasil é exportado, está de portas fechadas, com um prejuízo de US$ 20
mil por dia a cada navio parado.
O consultor técnico do Sindicato
da Indústria da Moagem e Refino do Sal do Rio Grande do Norte
(Simorsal), Renato Fernandes, disse que o governo federal está usando
uma lógica que está querendo acabar com o setor por pura falta de
investimento no porto. Nos últimos dois anos, nada foi investido e os
números de 2014 e 2015 – juntos – chegam a apenas R$ 100 mil, quando o
necessário era um montante no valor de R$ 9 milhões para modernizá-lo
com a troca de máquinas e equipamentos.
Surpresa é o sentimento
entre os dirigentes do Simorsal, que é responsável pela produção de 6
milhões de toneladas de sal marinho por ano. É a segunda vez – em menos
de um ano – que o Porto Ilha é fechado. A primeira foi em dezembro, em
uma atuação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e agora a
interdição veio do Ibama, que antes de fechá-lo fez inúmeros apelos e
avisos à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern). “O prejuízo é
estratosférico para um setor que é de suma importância econômica para o
Estado”, lamenta Renato Fernandes.
Das 6 milhões de toneladas de
sal produzidas ao ano, um milhão é exportada para o mercado
internacional, 1,5 milhões vão para indústrias químicas brasileiras e
3,5 milhões são destinadas ao mercado interno, podendo chegar aos 4
milhões. Renato Fernandes informa que, com a interdição, as empresas
ligadas ao Simorsal terão não só prejuízos com os navios parados, como
também pagarão multas pelo atraso na entrega dos produtos – cláusulas
previstas com os principais compradores externos do sal potiguar:
Estados Unidos, Canadá e Nigéria.
Cerca de 40% da produção utiliza
o modal marítimo e parte dela, no caso, o que é vendido para as
indústrias, também poderia ir pelas rodovias, mas seriam necessários
milhares de carretas e com custos muito mais elevados, o que diminuiria a
competitividade do sal marinho. “Fico imaginando mais de um milhão de
carretas transportando sal. Somos fortes no setor, mas estamos perdendo
concorrência para países como o Chile, por exemplo, que está mais
organizado”, disse Fernandes.
A interdição do Porto Ilha se deu
por vários fatores, com destaque para os problemas estruturais, máquinas
e equipamentos ultrapassados, poluição do solo, licenciamentos e
registros vencidos. O medo dos produtores ligados ao Simorsal é que os
clientes busquem outros mercados. O setor salineiro movimenta – por ano –
R$ 1 bilhão, paga R$ 150 milhões em impostos, gera 15 mil empregos
diretos e 65 mil indiretos. O nível de pureza do sal potiguar faz toda a
diferença no mercado, chegando a 99,88%. “Esperamos que o novo diretor
presidente Codern, Fernando Dinoá, que foi empossado semana passada,
consiga resolver este problema, porque o setor está fragilizado”,
informa Renato Fernandes.
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