Via G1
Apresentação é neste domingo. Grupo criado no ano passado interpreta músicas autorais e clássicos do rock mundial
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Quando David Gilmour e Roger Waters lançaram "Wish
you were here", do Pink Floyd, em 1975, não devem ter imaginado que, 43
anos depois, seriam inspiração para sete garotos autistas montarem uma banda de
rock na capital do Brasil.
Para esses meninos, que sentem o mundo por
meio dos sons, interpretar clássicos de Pink Floyd, Oasis e Legião Urbana em
cima de um palco é algo mais natural do que qualquer interação social.
Ivan Madeira, João Daniel Simões, João
Gabriel Mello, João Henrique Lopes, Marcelo Bacelar, Matheus Winkler e Thiago
Carneiro têm entre 13 e 22 anos e comandam a Timeout. Neste domingo (22), eles
se apresentam no maior evento de motos da América Latina – o Brasília Capital
Moto Week.
Os rapazes já tocaram em
eventos e pubs do Distrito Federal para plateias formadas por parentes e
amigos. Essa será a primeira vez que eles se apresentam para um público
desconhecido.
"A música virou a minha vida",
afirmou ao G1 o
baterista João Henrique Lopes, de 18 anos. Na última quinta-feira (19), ele
conheceu o palco da primeira grande apresentação da banda, junto com os amigos
e o psicólogo Paolo Rietveld – idealizador do projeto.
“Queremos fazer música e
queremos que as pessoas nos assistam não porque somos uma banda de
neuro-diversidade, mas simplesmente porque fazemos uma música boa de se ouvir,
e ensaiamos muito para isso”, diz Ritveld
A Timeout foi criada em setembro de 2017.
Rietveld, voluntário do Instituto Ninar – que desde 2007 oferece atendimento
clínico na área de autismo –, percebeu que alguns dos pacientes apresentavam
habilidades musicais. Foi quando decidiu “dar um grito à inclusão” e ajudou a
montar a banda.
“Sempre notamos que eles são muito
musicais e têm habilidades incríveis, mas raramente têm a possibilidade de se expressar
dessa forma", explica o terapeuta.
Tempo fora
Para o grupo, o nome Timeout significa, literalmente, um “tempo fora” de
todos os termos e técnicas da terapia. Um suspiro para a diversão e a
espontaneidade. Em quase um ano, a banda foi ganhando integrantes até chegar a
formação atual:
·
Vocalistas: Ivan Madeira,
João Daniel Simões e João Gabriel Mello
·
Guitarrista: Thiago Carneiro
·
Baixista: Marcelo Bacelar
·
Baterista: João Henrique
Lopes
·
Tecladista: Matheus Winkler
Durante os ensaio, em um estúdio na região do Guará, e na terapia,
trechos de uma música autoral começaram a surgir e deram corpo à canção
"Hey! You! I need a timeout" – em tradução livre, algo como "Ei!
Você! Eu preciso de um tempo livre".
Ivan Madeira, de 15 anos, foi um dos autores. Ele colocou na letra o que
sentia quando percebia que precisava de um tempo. No comando do microfone, as
inquietações vividas no dia a dia se transformaram em explosões de notas
graves.
Família empolgada
A mãe do baterista João Henrique Lopes,
Adeline Cecília, é uma das testemunhas da mudança experimentada pelos garotos a
partir da música.
esde os 2 anos, João batucava pelos móveis de casa reproduções de sons e
músicas que ouvia. Ali, já nascia uma paixão, segundo a mãe.
Adeline diz que, embora o adolescente tenha sido apresentado a uma
bateria quando aprendia a dar os primeiros passos, foi somente por meio da
Timeout que ele conseguiu expor o talento acumulado nas aulas de música.
O tecladista do grupo, Matheus Winkler, de 13 anos, é outro que sempre
teve facilidade em aprender e memorizar sons. A habilidade foi canalizada para
o instrumento.
"É só ouvir uma canção, uma única vez , que ele a musicaliza no
teclado, mesmo sem conhecer a teoria", diz o pai do adolescente, Clédio
Winkler.
“A música deixa o Matheus mais calmo e concentrado. Ele tem muita
sensibilidade aos sons, mas, na banda, essa sensibilidade se transforma em
música.”
Catarse
A história de todos os rockstars da
Timeout revela como a música virou uma ferramenta de socialização e de
empoderamento. O guitarrista Thiago Carneiro é o mais velho da banda, com 22
anos. Antes de conhecer o projeto, tocava violão em uma igreja.
"Em casa, ao lado dos irmãos
instrumentistas, ficava de olho em uma guitarra, mas 'não se atrevia' a
tocá-la", contou a mãe dele, Maria das Dores Silva.
Após conhecer a iniciativa do psicólogo
Paolo Rietveld, Thiago decidiu se aventurar pelo instrumento imortalizado por
Jimi Hendrix, Eric Clapton e David Gilmour.
Com o vocalista João Daniel Simões, 13 anos, não foi diferente. Ao
assistir filmes de animação, desde os 4 anos, gravava mais as trilhas sonoras
do que a própria história do desenho, lembra o pai do adolescente, Eduardo
Silva Simões.
De acordo com Eduardo, o que mais chamava a atenção do menino eram as
batidas do rock and roll. No entanto, era raro ele fazer demonstrações públicas
dessa habilidade.
Hoje, a alegria do João
Daniel empolga qualquer plateia quando ele pega o microfone – e emenda de
Mamonas Assassinas a Capital Inicial. “Rock tem essa coisa catártica, de
colocar para fora tudo aquilo que está preso dentro da gente”, diz o psicólogo
Paolo Rietveld.
·
Brasília Capital Moto Week
Data: de 19 a 28 de julho
Local: Granja do Torto
Informações no site do
evento
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