Atividade
exercida em área de mangue não apresenta o devido tratamento dos
efluentes e já prejudicou, inclusive, o trabalho de pescadores da
região

O
Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação civil
pública (ACP) contra três empresas e um empresário responsáveis
por causar danos ambientais à área localizada nos arredores dos
rios dos Cavalos e Logradouro, afluentes do rio Piranhas-Açu. Os
réus criam camarões em cativeiro e não possuem o adequado sistema
de tratamento de efluentes, despejando os resíduos da produção nos
cursos d'água, ilegalmente.
O
objetivo do MPF com a ação é promover a suspensão das atividades
poluidoras, garantir a recuperação do ecossistema (através da
execução de projetos de recuperação de área degradada - Prads) e
a cobrança de uma indenização por danos materiais e danos morais
coletivos totalizando R$ 1 milhão, a ser paga solidariamente pelos
réus.
Os alvos
da ação são a Samaria Camarões Ltda. (sucessora da Queiroz Galvão
Alimentos S/A, antiga Fazenda Potiporã, com sede na Fazenda
Esperança Nova, em Pendências), a Nortemar Maricultura Eireli (com
sede na Fazenda Aquática, em Porto do Mangue), a Hanna Camarões
Ltda (com sede em Natal e empreendimento situado na Fazenda Ilha do
Meio, em Pendências) e o empresário Charles Barbosa de Moraes,
arrendatário do empreendimento de carcinicultura situado na Fazenda
Equamar, em Carnaubais.
Fiscalização
- Os graves danos ambientais causados pelas empresas foram
confirmados por meio de vistorias determinadas a partir de um
inquérito civil que tramita na Procuradoria da República em Assu e
realizadas por fiscais do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e
Meio Ambiente (Idema/RN). Eles confirmaram que a atividade poluidora
das quatro empresas vem prejudicando a qualidade da água dos rios, o
que dificulta , inclusive, a pesca.
O
inquérito instaurado pelo MPF em 2015, aliás, foi aberto após
representação da Colônia de Pescadores Z-17, que denunciou a alta
mortandade de peixes na região. “A atividade dessas empresas
apresenta irregularidades no processo de drenagem de efluentes ou no
descarte de resíduos sólidos e isso está atrapalhando outras
atividades econômicas no local, como a pesca”, destaca o
procurador da República Victor Queiroga, autor da ação.
Irregularidades
- As vistorias do Idema
apontaram que a Samaria libera efluentes sem tratamento no rio
Logradouro, tendo 10 bacias de sedimentação - que recebem efluentes
dos viveiros de engorda – com comportas voltadas para os cursos
d´água. De forma semelhante, a Nortemar Maricultura também faz
esse lançamento irregular nesse rio, “a oeste da estrada que liga
a Fazenda Aquática à Fazenda Potiporã, e no rio dos Cavalos, a
leste da mencionada estrada”. Essa empresa ainda desmatou uma área
de mangue equivalente a 353 m², pela qual foi autuada em 2016.
A Hanna
Camarões, por sua vez, possui quatro viveiros de engorda em
operação, interligados a uma bacia de sedimentação que possui uma
comporta que despeja efluentes sem tratamento nos rios. Já Charles
Barbosa, da Fazenda Equamar, passou a explorar a área antes ocupada
pela Norpex e cujos viveiros eram responsáveis pelo despejo de
efluentes sem tratamento. Mesmo após notificado pelo Idema, para que
apresentasse uma proposta de readequação do sistema de tratamento,
o empreendedor manteve a produção nos mesmos moldes de sua
antecessora, poluindo a região.
Liminar
- A ação do MPF inclui um pedido de liminar para que sejam
interrompidas as atividades, sob pena de multa diária, e para que os
responsáveis se dirijam ao Idema para iniciar a elaboração dos
Prads. A ACP tramita na Justiça Federal sob o número
0805800-78.2018.4.05.8403.
Confira a
íntegra da ação clicando aqui.
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