Segunda a polícia, tortura foi gravada e publicada na
internet como forma de mostrar o poder da família
Dois irmãos e um amigo foram presos suspeitos de torturar um
funcionário da fazenda da família, em São Sebastião do Maranhão, a 385
quilômetros de Belo Horizonte. Segundo as investigações, a vítima foi
chicoteada e golpeada com uma ferramenta por ter furtado oito ovos da
propriedade. Os policiais também descobriram que os suspeitos seriam perigosos
traficantes de drogas da região. Um deles é investigado por envolvimento com a
facção criminosa PCC, em São Paulo.
As prisões foram feitas na última segunda-feira (19), durante
a operação “Al Capone”, da Polícia Civil, que também cumpriu mandados de busca
e apreensão no local. A investigação sobre a denúncia de tortura durou seis
meses. O crime que aconteceu em setembro do ano passado teria sido cometido
pelos irmãos Raul Soares Gomes, 38 anos, e Rodrigo Antônio Soares Mendes, 35,
com participação de Alleff Fillyp Miranda., 23.
A vítima D.S.C. trabalhava em uma obra na fazenda de um dos
suspeitos. O proprietário das terras soube que o rapaz havia furtado oito ovos
de galinha do local. Como castigo, o fazendeiro e o irmão dele teriam torturado
o funcionário com chicotadas no rosto, nas costas e nas pernas. Além disso, o
homem também teria sido agredido com um alicate turquesa.
De acordo o delegado Rodrigo Antunes, da Polícia Civil de
Santa Maria do Suaçuí, responsável pela operação, a vítima não tem passagem
pela polícia e nem envolvimento com drogas.
— Tenho informações de que ele estava trabalhando no local e
não tinha recebido o pagamento. Ele tem família e filhos pequenos.
A cena foi gravada e divulgada em redes sociais. Segundo as
investigações, as imagens foram registradas por Miranda como uma forma de
ameaçar os possíveis desafetos dos irmãos. No vídeo, o agressor diz o motivo do
espancamento. É possível ouvir choro da vítima que levou mais de 20 chicotadas.
Em depoimento à polícia, Miranda confessou ter gravado e
publicado o vídeo na internet. Os irmãos preferiram não responder as perguntas
e ficaram em silêncio. Procurado pelo R7, Einstein Lima Lopes, o advogado
dos suspeitos, disse que Miranda foi ouvido sem a presença da defesa e que ele
vai pedir a anulação do depoimento. Sobre a situação irmãos Soares, o defensor
informou que vai se pronunciar nos próximos dias.
O delegado Rodrigo Antunes informou que a presença do
advogado na fase policial não é obrigatória e que foi dado a Miranda o direito
de permanecer calado, mas ele preferiu se manifestar.
Histórico criminoso
Além das prisões, foram apreendidos R$ 6 mil em dinheiro, um
cheque no valor de R$ 2 mil, roupas semelhantes ao uniforme dos Exército
Brasileiro e documentos que compravam a movimentação financeira da família.
Quatro automóveis, sendo um deles blindado, com indícios de adulteração e
artigos de luxo como relógios e aparelhos celulares também foram levados pela
polícia.
Segundo o delegado Antunes, os bens são incompatíveis com o
patrimônio da família. Assim, foi aberto um novo inquérito para apurar o
envolvimento deles com lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
Durante as investigações, os detetives descobriram que Mendes
já tinha passagem pela polícia. Ele foi preso no ano passado, em São Paulo, por
ligação à facção criminosa PCC.
Secretário municipal
Além dos suspeitos da tortura-castigo, o secretário do Meio
Ambiente de São Sebastião do Maranhão, Zulmar Francisco Miranda, também
foi levado para delegacia. Ele é pai de Alleff. Quando a polícia chegou na casa
dele para cumprir o mandado de busca a apreensão, foram encontradas diversas
aves silvestres. O secretário foi ouvido e liberado. A defesa informou que os
animais não pertencem ao secretário e que ele aguarda apuração da polícia.
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