O Tribunal de
Contas da União (TCU) bloqueou nesta quarta-feira, 11, os bens da
ex-presidente Dilma Rousseff, por conta de sua atuação na aquisição da
refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobrás. O bloqueio, que
tem validade de um ano, foi aprovado pelo plenário da corte.
A informação de que Dilma poderia ser
punida com o bloqueio de seus bens foi divulgada anteriormente pela
Coluna do Estadão, em 31 de agosto. O bloqueio de bens também atinge os
ex-membros do conselho Antonio Palocci, José Sergio Gabrielli, Claudio
Luis da Silva Haddad, Fabio Colletti Barbosa e Gleuber Vieira. Cabe
recurso da decisão do tribunal.
A decisão atinge a diretoria colegiada da
petroleira que, em 2006, aprovou a aquisição da refinaria americana.
Segundo o tribunal, a compra de Pasadena acarretou em prejuízo de US$
580 milhões à estatal, “em razão desses gestores terem adotado critérios
antieconômicos para definir o preço da refinaria”.
O ministro da corte de contas Vital do Rêgo,
relator do processo, acatou as recomendações de bloqueio que foram
feitas por técnicos do tribunal e pelo Ministério Público junto ao TCU.
Em 2006, quando votou favoravelmente à compra
de 50% da refinaria de Pasadena, Dilma era ministra da Casa Civil e
comandava o Conselho de Administração da Petrobrás. Todos os demais
seguiram seu voto.
Em março de 2014, quando foi questionada pelo
‘Estado’ sobre a aprovação da compra da refinaria, Dilma declarou que só
apoiou a medida porque recebeu “informações incompletas” de um parecer
“técnica e juridicamente falho”. Era sua primeira manifestação pública
sobre o tema.
O “resumo executivo” sobre o negócio Pasadena
foi elaborado em 2006 pela diretoria internacional da Petrobrás,
comandada por Nestor Cerveró, que defendia a compra da refinaria como
forma de expandir a capacidade de refino da estatal no Exterior.
Indicado para o cargo pelo ex-ministro José Dirceu, na época já apeado
do governo federal por causa do mensalão, Cerveró é hoje diretor
financeiro de serviços da BR-Distribuidora.
Em agosto, o TCU já havia condenado Cerveró e
Gabrielli a ressarcir US$ 79 milhões (cerca de R$ 250 milhões) por dano
ao erário na compra de Pasadena. A corte impôs ainda, a cada um, multa
de R$ 10 milhões, o arresto dos bens para assegurar o ressarcimento e
determinou que sejam inabilitados para o exercício de cargos em comissão
e funções de confiança por oito anos. Na prática, no entanto, a
quitação dos montantes é improvável, pois o patrimônio já rastreado de
ambos não alcança o valor cobrado pelo tribunal. Cabe recurso contra a
decisão.
O bloqueio de bens ocorre após o tribunal
receber e analisar as argumentações e defesas de cada um dos membros do
conselho. Durante este processo, o TCU tomou conhecimento de informações
contidas em um Relatório da Comissão Interna de Apuração (CIA) e
Relatório de Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU).
“A diretoria executiva apreciou a aquisição de
Pasadena em um dia e o Conselho de Administração aprovou uma negociação
de milhões de dólares exatamente no dia seguinte”, declarou em seu voto
o ministro Vital do Rêgo. “Não se tem dúvida de que o conselho
contribuiu para a prática de gestão de ato antieconômico no que se
refere à aquisição da primeira metade da refinaria.”
A decisão afirma que “todos aqueles que
participaram da valoração da refinaria de Pasadena no momento de
aquisição dos 50% iniciais devem ser responsabilizados pelo débito
total, pois o próprio contrato se valia daqueles valores para calcular o
preço das ações remanescentes”.
Segundo o TCU, o conselho será
responsabilizado “pela integralidade do débito e não apenas pelo dano
decorrente da aquisição da primeira metade da refinaria”.
Estadão Conteúdo
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