Há exatos 500 anos, Martinho Lutero pregava na porta
da Igreja Católica as 95 teses que dariam origem ao protestantismo. Mas
se engana quem pensa que o texto de Lutero teve influência apenas na
religião. Educação, política e senso de ética também sentiram a mudança
que o movimento protestante trouxe.
Segundo o teólogo e jornalista André Mello, a origem da Reforma, foi um movimento que deu seus frutos graças a um
ambiente socioeconômico e político, mas acima de tudo articulou diversas
demandas religiosas e espirituais. Antes de Lutero, o movimento
franciscano e as agitações de camponeses demonstravam a crise espiritual
da Europa. Lutero, ao debater as 95 teses, não intencionava mudar o
mundo. Como sempre acontece, quem faz a história muitas vezes não o faz
de maneira consciente.
Mesmo influenciando tantas esferas da sociedade, há
quem diga que é necessário fazer uma nova Reforma. Mello compartilha
dessa opinião.
– A nova Reforma é necessária e permanente, porque a
natureza humana, de acordo com a Bíblia, tende para as obras da carne.
Os poderes temporais e espirituais deste mundo sempre vão tentar
cooptar, admitir, ou sufocar o Evangelho. Além disso, precisamos olhar
para a Europa e perceber que 500 anos depois da Reforma o continente
agora é campo missionário. A igreja que parar no tempo e na ação
evangelística será como a semente que caiu no meio dos espinhos –
sentencia.
Importante lembrar dos dois pontos mais importantes
que levaram Lutero a questionar a Igreja: apenas o clero tinha acesso às
Escrituras e a venda de indulgência (os padres cobravam dinheiro dos
fiéis para que eles tivessem os pecados perdoados e fossem para o céu).
Na coluna A Igreja da Reforma que precisa de reforma,
Luiz Sayão afirma que a Reforma não foi exatamente um movimento, e sim
uma busca por respostas no âmbito teológico, moral, social e econômico
do fim da Idade Média.
– Desde Pedro Valdo (século 12), Jerônimo Savonarola,
Jan Huss, até Lutero, Calvino e Zuínglio, temos uma trajetória de
diversas demandas de contextos distintos que conduziu uma série de
movimentos de mudanças na mesma direção. Era um clamor geral. A resposta
encontrada foi o retorno às Escrituras para reescrever a
espiritualidade europeia e sua sociedade. Mas, essa não é uma proposta
estática. A Reforma sempre afirmou uma igreja semper reformanda. Ela deve continuar – complementa.
Entre as questões que Lutero defendeu estão: leitura
acessível da Bíblia (não mais em latim e sim no idioma de cada país);
salvação se dá pela conduta e fé, e não pelo pagamento de indulgência; e
educação para todos.
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