Novo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
mostra que o custo dos investimentos na saúde e na sobrevivência das
crianças mais pobres do mundo, apesar de ser mais alto do que o
necessário para chegar ao resto da população, é compensado por melhores
resultados e salva o dobro de vidas por cada dólar gasto.
De acordo com a pesquisa Narrowing the Gaps: The power of investing in the poorest children
(“Reduzir as disparidades: O poder dos investimentos nas crianças mais
pobres”), cuidar das comunidades mais carentes permite um maior
custo-benefício quando comparado a investimentos em grupos mais
favorecidos.
O parâmetro usado pelos pesquisadores para definir
quem são as pessoas mais pobres foi o da linha de pobreza moderada,
utilizado pelo Banco Mundial. Desta forma, são consideradas pobres as
pessoas cuja renda média é inferior a US$ 3,10 por dia. Já a linha da
pobreza extrema é definida por pessoas que vivem com menos de US$ 1,90
por dia.
Ações
Seis ações de grande
impacto na área da saúde foram consideradas durante a pesquisa: o uso de
redes mosquiteiras impregnadas de inseticida, a iniciação precoce do
aleitamento materno, cuidados pré-natais, vacinação completa,
assistência de uma parteira qualificada durante o parto e tratamento
para as crianças com diarreia, febre ou pneumonia.
O levantamento
foi feito em 51 países onde se registram cerca de 80% do total das
mortes de recém-nascidos e de crianças menores de 5 anos. Nesses países,
a melhora na cobertura de saúde dos grupos mais pobres ajudou a
diminuir a mortalidade infantil quase três vezes mais rapidamente do que
as intervenções dirigidas para o restante população.
Como as
taxas de natalidade são mais elevadas entre os pobres do que no restante
da população, a redução da taxa de mortalidade de menores de 5 anos em
comunidades carentes traduziu-se em 4,2 vezes mais vidas salvas por cada
milhão de pessoas.
Do 1,1 milhão de vidas salvas nos 51 países
durante o último ano estudado (o ano varia entre os países pesquisados),
cerca de 85% correspondiam aos grupos pobres.
De acordo com
informações divulgadas pelo Banco Mundial, é cada vez mais difícil
retirar as pessoas da pobreza extrema, pois se encontram em contextos
frágeis e zonas remotas, sem acesso a educação, saúde e outros serviços
fundamentais. Em 2011, 2,2 milhões de pessoas sobreviviam com menos de
US$ 3,10 por dia, uma redução pequena se comparada aos 2,59 milhões
registrados em 1981.
Segundo o Unicef, se os países não começarem
a investir pesadamente na luta contra a mortalidade infantil, cerca de
70 milhões de crianças morrerão antes dos 5 anos de idade até 2030.
Acabar
com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de cinco
anos até 2030 é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da
Organização das Nações Unidas (ONU).
Brasil
No Brasil, quase 6 milhões de crianças até 14 anos vivem na pobreza extrema.
O
relatório Luz da Sociedade Civil sobre os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável, lançado por integrantes do Grupo de Trabalho da Sociedade
Civil para a Agenda 2030, alerta que um dos objetivos mais ameaçados no
país é o da erradicação da pobreza e da fome, item que garantiu o
alcance de um dos objetivos na última década.
De acordo com dados apresentados no documento, baseado em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual da população que vive abaixo da linha de pobreza aumentou de 12,7%, em 2013, para 13,9%, em 2015.
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