Renata Moura
Editora de economia
A Petrobras vai vender seis dos 10 campos
marítimos que detém sozinha, ou com parceiro, em produção no Rio Grande
do Norte – um processo confirmado ontem e que, para o diretor-presidente
do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne),
Jean-Paul Prates, pode significar novos investimentos em tecnologia e
revitalização de áreas já antigas e com produção em declínio.
A lista das que a estatal pretende repassar
inclui o campo de Ubarana, o primeiro que descobriu no estado e cuja
produção também despencou nos últimos anos (veja a imagem ao lado).
As informações foram anunciadas ontem pela
petroleira em Fato Relevante ao mercado, sob o título “Divulgação de
Oportunidades de Desinvestimento – Teasers”. O processo de venda não
está, porém, restrito às áreas do Rio Grande do Norte.
No comunicado, a Petrobras informa que “iniciou a etapa de divulgação
das oportunidades de desinvestimento referentes à cessão da totalidade
de seus direitos de exploração, desenvolvimento e produção em sete
conjuntos de campos em águas rasas - totalizando 30 concessões -
localizados nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Rio de
Janeiro e São Paulo.
O “pacote” relativo ao RN é composto pelos campos de Agulha, Cioba, Ubarana, Oeste de Ubarana, Pescada e Arabaiana.
A Petrobras é operadora de todas as
concessões, com 100% de participação, exceto nas de Pescada e Arabaiana,
com uma fatia de 65%, em cada. Os outros 35% estão com a Ouro Preto
Óleo e Gás, que tem à frente Rodolfo Landim, ex-presidente da OGX
Petróleo e Gás, de Eike Batista.
Apesar de já aparecerem na relação de ativos
que estão “na prateleira”, a efetiva inclusão das concessões de Pescada e
Arabaiana “na oportunidade de desinvestimento”, como descreve a
Petrobras, está sujeita ao não exercício de direito de preferência por
parte da Ouro Preto.
Desinvestimentos
O campos aparecem listados no programa de desinvestimentos por meio do qual a Petrobras tenta repassar a outras operadoras ativos considerados “não prioritários”.
O campos aparecem listados no programa de desinvestimentos por meio do qual a Petrobras tenta repassar a outras operadoras ativos considerados “não prioritários”.
Prates, do Cerne, lembra que no ano passado a
estatal chegou a parar plataformas em operação em áreas marítimas, um
preparativo, diz ele, para inserí-las nesse pacote de vendas. Possíveis
ganhos esperados com a transação não foram divulgados.
Mas a estratégia de venda é também vantajosa
sob outro aspecto. É considerada um meio mais viável de se desfazer de
áreas que já não produzem a contento, uma vez que o simples “fechamento”
delas e devolução representaria custos.
“Vale mais a pena tentar vender a alguém que
aceite levar adiante a produção, investir um pouco mais, tentar
revitalizar, do que fechar, gastar e devolver para a ANP (Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) sem ganhar um
tostão”, diz Prates, ressaltando que “fechar” geraria custos porque
seria preciso deixar tudo como estava antes de a empresa entrar.
Para o analista, a possível entrada de novos
investidores poderá representar a retomada do crescimento da produção,
“pelo menos por alguns anos”, “algum investimento em tecnologia, alguma
revitalização local em termos de empregos e investimentos diretos na
região, mas não é de se esperar grandes descobertas que mudem o rumo
desses campos, que já se veem em meio a uma história de decadência”.
“São campos muito antigos”, diz e acrescenta. “A nota triste disso é que
a Petrobras praticamente sai do RN em termos de águas rasas, o que
nunca foi muito grandioso, mas de alguma forma representa uma produção
de petróleo significativa do ponto de vista do setor águas rasas no
Brasil”.
Campos à venda
Os que estão no pacote de desinvestimentos, no mar do RN:
Os que estão no pacote de desinvestimentos, no mar do RN:
Operados só pela Petrobras
Campos: Ubarana, Cioba, Oeste de Ubarana, Agulha
Participação da Petrobras: 100%
Produção no 1º semestre de 2017: 3.729 barris de óleo equivalente/dia
Campos: Ubarana, Cioba, Oeste de Ubarana, Agulha
Participação da Petrobras: 100%
Produção no 1º semestre de 2017: 3.729 barris de óleo equivalente/dia
*Operados com parceiro
Campos: Pescada e Arabaiana
Participação da Petrobras: 65%
Participação de outros: Ouro Preto (35%)
Produção no 1º semestre: 1.567 barris de óleo equivalente/dia
Campos: Pescada e Arabaiana
Participação da Petrobras: 65%
Participação de outros: Ouro Preto (35%)
Produção no 1º semestre: 1.567 barris de óleo equivalente/dia
*Venda sujeita ao não exercício de direito primeira oferta por parte do parceiro nas concessões (Ouro Preto Óleo e Gás).
Outros destaques
PERFIL: Os campos do RN que estão à venda estão localizados em águas rasas a uma distância de 30 km da costa, e com profundidade de reservatório entre 1.300 e 3.900m. A maioria começou a produzir nos anos 80. Atualmente produzem com 54 poços e 25 plataformas fixas (das quais quatro são habitadas), duas com facilidades de separação gás/líquido;
PERFIL: Os campos do RN que estão à venda estão localizados em águas rasas a uma distância de 30 km da costa, e com profundidade de reservatório entre 1.300 e 3.900m. A maioria começou a produzir nos anos 80. Atualmente produzem com 54 poços e 25 plataformas fixas (das quais quatro são habitadas), duas com facilidades de separação gás/líquido;
TRANSAÇÃO: Todas as
plataformas, dutos de exportação e um duto de importação de água para
injeção estão incluídos no perímetro da Potencial Transação
UBARANA: Um dos campos
à venda, o de Ubarana, foi o primeiro campo que a Petrobras descobriu
no Rio Grande do Norte. A descoberta ocorreu em 14 de novembro de 1973 e
a produção foi iniciada em 30 de junho de 1976. Está em curso na área
um projeto de injeção de água para melhorar o perfil de produção.
OPERAÇÃO NO MAR
4 são os campos marítimos que a Petrobras tem em desenvolvimento no RN.
4 são os campos marítimos que a Petrobras tem em desenvolvimento no RN.
10 é a quantidade que tem em produção. Seis, desse total, estão no programa de desinvestimentos.
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