Estudo do Movimento Todos Pela Educação identificou que os estudantes do período noturno têm maior dificuldade para concluir os estudos
Mais de 39% dos estudantes de ensino médio do Brasil afirmam que a situação financeira é hoje a principal dificuldade para concluir os estudos. E 13,6% afirmam ter problemas para conciliar o trabalho com a escola.
A conclusão é de um levantamento realizado pelo Movimento Todos Pela Educação, que ouviu a opinião de 1.551 pessoas entre 15 e 19 anos sobre os professores, a participação social e a educação técnica.
Nesse sentido, a falta de recurso financeiro está mais atrelada a evasão de estudantes no ensino médio.
Um estudo do Instituto Unibanco do ano passado mostrou que quanto maior a renda, mais os estudantes avançam nos estudos: entre aqueles que concluíram o ensino médio na idade correta, a média de renda familiar por pessoa é R$ 885. Já entre os que não terminaram o ensino fundamental, a média cai para R$ 436.
Esse tipo de complicação é relativamente maior entre as pessoas do sexo feminino – 43,4% disseram que esse é o pior contratempo. Já entre os homens o percentual foi de 35,8%.
No recorte por turno escolar, o levantamento identificou que os estudantes do período noturno têm maior dificuldade para concluir os estudos (43,3%). Alunos do período vespertino somam 41,9% e matutino 35,7%.
Educação profissional e técnica
“O ensino médio é um desafio para os gestores públicos e o modelo tem, ao longo dos anos, dado sinais de esgotamento e incompatibilidade com o que os jovens estudantes querem ou esperam”, diz o relatório divulgado nesta semana.
No ano passado, o presidente Michel Temer (PMDB) sancionou um conjunto de novas diretrizes para o ensino médio via Medida Provisória elaborada pelo Ministério da Educação.
A reforma flexibiliza o conteúdo que será ensinado aos alunos, permitindo que, a partir de uma base única nacional, o estudante escolha áreas de conhecimento para aprofundar seus estudos.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Movimento Todos Pela Educação, 76,5% dos estudantes aprovariam a substituição de um terço das matérias do ensino médio por disciplinas técnicas a sua escolha, caso a carga horária diária da etapa fosse de 5 horas. A aceitação, segundo o estudo, é maior na região Nordeste (85,5%), e menor na região Sul do país (44,6%).
Apesar do interesse, metade dos alunos do ensino médio regular diz não conhecer nenhuma modalidade do ensino técnico profissionalizante – 95% deles gostariam de saber mais sobre essa modalidade de ensino, diz a pesquisa.
O que querem os estudantes
Para mais de 85% dos jovens estudantes do Brasil, a segurança é o aspecto mais relevante em uma escola de ensino médio. O segundo atributo mais importante para os jovens é a atenção dada aos estudantes deficientes – 83,1% tem essa opinião.
Questionados sobre as insatisfações em sala de aula, 54,6% dos estudantes classificaram as aulas de informática como insatisfatórias, o que, segundo a pesquisa, pode indicar fragilidades na preparação do docente para o uso de dispositivos eletrônicos como ferramentas de aprendizagem.
Qualidade da língua inglesa, ação em casos de bullying e o comprometimento dos alunos também foram listados como menos satisfatórios.
A pesquisa também mapeou o que os jovens esperam dos seus professores. Para 80,9% dos entrevistados, o atributo mais importante é que os docentes demonstrem paixão pela profissão.
A persistência em não desistir diante das dificuldades dos alunos, exigir comprometimento e ter foco na preparação para os vestibulares foram apontados em sequência, com 79,5%, 79,3% e 78,6%, respectivamente.
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