terça-feira, 9 de maio de 2017

Corpos aguardam exame de DNA meses após massacre na Penitenciária de Alcaçuz

Itep do Rio Grande do Norte não tem estrutura laboratorial para fazer exame. Amostras devem ser enviadas para análise na Bahia em junho, segundo diretor do instituto.

Corpos recolhidos depois da matança foram levados para o Itep em Natal (Foto: Emmily Virgílio/Inter TV Cabugi )
Quase quatro meses após a rebelião que deixou pelo menos 26 detentos mortos na Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, ainda há restos mortais a serem identificados no Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) em Natal. Ao todo, 12 cabeças decapitadas, outros membros e três corpos carbonizados aguardam, no instituto, o exame de DNA que pode identificá-los.
Segundo o diretor do Itep, Marcos Brandão, a demora se deve à falta de um laboratório equipado para esse tipo de exame no estado. “A gente utiliza o laboratório da Bahia pra gente realizar o exame de DNA, porque a Bahia tem a maior estrutura laboratorial do Nordeste”, disse.
O diretor do Itep explica que o envio das amostras de DNA para análise estava programado para o início deste mês, mas será adiado por causa de dificuldades de encaixe na agenda do Itep da Bahia. “Houve algumas demandas administrativas deles, então não pudemos ir pra lá esse mês. Provavelmente as equipes vão em junho”, ressaltou.
De acordo com Marcos Brandão, as amostras devem levar cerca de 20 dias para ser analisadas.
Um laboratório que faça exames de DNA deve ser construído em breve no Rio Grande do Norte. Segundo o diretor do Itep, já há um projeto para a construção da estrutura, e o edital de licitação será publicado no dia 15. “Os recursos estão totalmente assegurados, vão ser recursos próprios do Itep, que a gente já empenhou, ou seja, não vai haver problema de pagamento”, afirmou.
Dos 26 mortos em Alcaçuz, 22 foram identificados através de exames de papiloscopia, que é comparação das impressões digitais. As tatuagens das vítimas também ajudaram em algumas identificações. Um quarto corpo não identificado, além dos três carbonizados, foi enterrado como indigente após ter o material genético recolhido.

Nova rotina em Alcaçuz

Passado o período de rebeliões em Alcaçuz e após a intervenção de uma força tarefa do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), uma nova rotina foi estabelecida em Alcaçuz e novos procedimentos de segurança adotados.
Além de reparos na estrutura física dos pavilhões, como reforma completa no Pavilhão 5, o governo finalizou a construção de um muro de concreto para separar facções criminosas, bem como a colocação de uma cerca de proteção em volta de toda a área externa do presídio.

Massacres

O Rio Grande do Norte foi o terceiro estado a registrar matanças em presídios deste ano no país. Na virada do ano, 56 presos morreram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Outros oito detentos foram mortos nos dias seguintes no Amazonas: 4 na Unidade Prisional Puraquequara (UPP) e 4 na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal. No dia 6, 33 foram mortos na Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), em Roraima.

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, classifica o massacre em Alcaçuz como "retaliação" ao que ocorreu em Manaus, onde presos supostamente filiados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) foram mortos por integrantes de uma outra facção do Norte do país.

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