Em plena batalha para combater os estragos políticos e econômicos provocados pela Operação Carne Fraca, o agronegócio brasileiro sofre outro duro golpe, desta vez em Brasília. O contingenciamento promovido pelo governo federal atinge em cheio o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O corte nas despesas da pasta em 2017 será de 45,6%. Do valor autorizado no Orçamento, de R$ 2,215 bilhões, o ministério só poderá gastar R$ 1,204 bilhão. O Palácio do Planalto parece esquecer o fato de que o agronegócio é único, ou um dos únicos segmentos da economia, pelo menos na atual conjuntura, capaz de fazer frente às adversidades econômicas do país. No sentido figurado, decisões como essa deixam o agronegócio mais vulnerável e a carne ainda mais fraca.
Em relação à necessidade de se preservar e garantir mais fiscalização e sanidade à produção, fragilidade mais política do que técnica revelada pela Operação Carne Fraca, essa foi uma necessidade praticamente ignorada na definição dos cortes. E as exportações então. Será que ninguém contou para o ministro da Fazenda que, além de gerar quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB), a economia agrícola responde pela metade dos embarques brasileiros, garante divisas e sustenta o superávit da balança comercial? Assim, quando se corta quase metade dos recursos que atendem uma área vital ao desenvolvimento econômico e social do Brasil, só resta crer que o governo realmente não sabe o que está fazendo e não tem muito noção do que o segmento representa e pode representar à nação.
Nos Estados Unidos, o grande concorrente do Brasil em produção e exportação, o presidente Donald Trump também sinaliza com corte na verba do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, similar Ministério da Agricultura brasileiro. A Casa Branca quer destinar 21% menos recursos ao órgão, uma redução de US$ 4,7 bilhões. Consideradas as devidas proporções, a redução é muito maior no Brasil e pode provocar um estrago muito maior por aqui. Até porque, nos Estados Unidos o agronegócio representa menos de 10% do PIB, contra quase 25% no Brasil. Então, a redução no orçamento do USDA não deixaria de ser uma boa notícia para o Brasil. Ocorre que o governo brasileiro conseguiu se superar e dar uma notícia ainda melhor aos Estados Unidos. Em porcentual, por aqui o corte é mais de duas vezes àquele que pode ser promovido nos EUA.
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