Em sua primeira
"blitz" para conferir a condição dos presídios brasileiros, a
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), ministra Cármen Lúcia, encontrou nesta sexta-feira, 21, uma única cela
com 30 presas, visitou uma penitenciária com capacidade para 290 presos mas com
547 detentos e passou por corredores escuros com marcas de incêndio. Cármen
começou pelo Rio Grande do Norte a maratona de viagens que pretende fazer por
todo o País.
"A
verificação in loco é exatamente pra saber o que se tem, o que é preciso fazer
para melhorar, de tornar mais dignas as condições de cumprir as penas tal como
a legislação brasileira prevê", disse a ministra a jornalistas.
Segundo
Cármen, o objetivo da visita é estabelecer pontes com as autoridades estaduais,
no âmbito do Judiciário e do Executivo, no sentido de discutir medidas e adotar
providências para melhorar as condições da população carcerária.
"A
ideia é tentar adotar medidas e providências necessárias junto com outros
órgãos do Poder Executivo, para que a gente possa melhorar essas condições
efetivamente. Onde há excesso de presos, ver como a superlotação pode ser
superada, ver onde há presos provisórios, como ajuizamos com os juízes. O
número de presos provisórios é muito grande, em condições absolutamente
degradantes, é exatamente para isso que estou vindo", disse Cármen.
O combate
à situação precária dos presídios é uma das prioridades da gestão de Cármen à
frente do CNJ, órgão que desenvolve ações voltadas para o sistema carcerário, a
execução penal e medidas socioeducativas. Entre os principais problemas do
sistema prisional apontados pelo CNJ em todo o País estão a superlotação, o
déficit de servidores, a falta de políticas de reintegração social voltadas
para os presos e os índices de mortalidade, por conta de surtos de doenças como
tuberculose, HIV, hepatite e sífilis.
No Rio Grande do Norte, Cármen visitou a penitenciária federal
de Mossoró e depois o Centro de Detenção Provisória de Parnamirim e a Penitenciária
Estadual de Parnamirim, município a 14 km de Natal. Os dois presídios de
Parnamirim estão com superlotação e condições físicas "muito ruins",
segundo a ministra. "Vamos ver quais providências podem ser tomadas",
disse Cármen.
Entre as soluções que deverão ser discutidas estão o
monitoramento da destinação de recursos do Fundo Penitenciário Nacional, a
retomada de mutirões carcerários e forças-tarefas, além da capacitação
profissional de presos e o aperfeiçoamento dos diagnósticos elaborados pelo
CNJ, no sentido de tornar os juízes das varas de execução penal fiscais da
política penitenciária em cada presídio.
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