Duração da campanha
diminui de 90 para 45 dias; na TV, serão 35 dias.
Outra mudança para a eleição deste ano é proibição de doação empresarial.
Outra mudança para a eleição deste ano é proibição de doação empresarial.
Com o prazo para o
registro das candidaturas encerrado nesta segunda-feira (15), os candidatos a
prefeito, vice-prefeito e vereador nos 5.568 municípios brasileiros darão
início nesta terça-feira (16) à campanha mais curta dos últimos 18 anos: 45
dias, em vez de 90.
O primeiro turno está
marcado para 2 de outubro, e os candidatos terão, a partir desta terça, 45 dias
para realizar comícios, distribuir material gráfico e organizar passeatas e
carreatas.
Ao longo dos últimos dois
anos, mudanças na lei eleitoral foram aprovadas pelo Congresso Nacional e
sancionadas pelo governo.
Com as modificações, as
campanhas, que antes começavam após 5 de julho (conforme a Lei 9.504/97),
tiveram o início adiado para depois de 15 de agosto (de acordo com a Lei
13.165/15), o que reduziu o período de 90 para 45 dias.
Antes da eleição de 1998,
a lei não especificava a duração das campanhas – apenas dizia que deveriam
começar depois das convenções partidárias, que definem os candidatos que
disputarão o pleito.
Durante as discussões da
chamada “minirreforma eleitoral”, nas comissões do Congresso Nacional, tanto
deputados quanto senadores defenderam encurtar o período de campanha sob a
argumentação de que, para partidos e candidatos, as campanhas se tornarão mais
baratas.
Para o coordenador da
candidatura do prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) à reeleição, Paulo
Fiorilo, a redução pela metade do período de campanha se tornou um
"problema" porque, na avaliação dele, os candidatos terão
"dificuldades" em divulgar suas propostas em um período mais
"curto" e os eleitores terão menos tempo para decidir em quem votar.
"Acho que esse tempo
de campanha ficou curto, e isso dificulta não só para o candidato, que vai ter
pouco tempo para divulgar as propostas, mas também para o eleitor, que vai ter
menos tempo para conhecer essas propostas. [...] Óbvio que vão ter os debates,
o horário eleitoral e a campanha de rua, mas, mesmo assim, a redução do tempo
geral de campanha vai dificultar", avaliou Fiorilo ao G1.
Inserções
Outra mudança aprovada pelo Congresso e que passou a entrar em vigor na eleição municipal deste ano está relacionada ao tempo de propaganda gratuita na TV e no rádio, que caiu de 45 dias para 35. Pelo calendário deste ano, definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as inserções começarão no próximo dia 26.
Outra mudança aprovada pelo Congresso e que passou a entrar em vigor na eleição municipal deste ano está relacionada ao tempo de propaganda gratuita na TV e no rádio, que caiu de 45 dias para 35. Pelo calendário deste ano, definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as inserções começarão no próximo dia 26.
Conforme o TSE, as
emissoras de rádio e TV terão que reservar, a partir dessa data, dois blocos de
dez minutos cada, duas vezes por dia, de segunda a sábado, para exibir as
propagandas dos candidatos a prefeito – no rádio, a propaganda será veiculada
das 7h às 7h10 e das 12h às 12h10; enquanto na TV a peça será veiculada das 13h
às 13h10 e das 20h30 às 20h40.
No caso das inserções de
30 e 60 segundos, destinadas aos candidatos a prefeito e a vereador, o total
diário será de 70 minutos de exibição, distribuídos ao longo da programação
entre 5h e 0h – a proporção das propagandas será de 60% para candidato a
prefeito e 40% para candidato a vereador.
Doação empresarial
Esta será também a primeira eleição em que as empresas estarão proibidas de fazer doações para os candidatos a prefeito e vereador. As campanhas só poderão contar com o financiamento de pessoas físicas. Além disso, os candidatos terão de obedecer a um limite de gastos.
Esta será também a primeira eleição em que as empresas estarão proibidas de fazer doações para os candidatos a prefeito e vereador. As campanhas só poderão contar com o financiamento de pessoas físicas. Além disso, os candidatos terão de obedecer a um limite de gastos.
Até a eleição passada, não
havia restrições para os gastos de campanha e o valor era uma decisão dos
próprios partidos políticos. Em municípios com até 10 mil eleitores, o limite
de gastos para campanha a prefeito nesta eleição será de R$ 108 mil e para vereador,
de R$ 10,8 mil.
No caso das cidades
maiores, os candidatos a prefeito poderão gastar até 70% do valor declarado
pelo candidato que mais gastou no pleito anterior, se tiver havido só um turno,
e até 50% do gasto da eleição anterior se tiver havido dois turnos.
Os limites podem ser
consultados no site do TSE e são diferentes para cada cidade e
cargo (vereador e prefeito).
Na avaliação do
secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), a proibição à doação
empresarial foi “positiva” por tornar as campanhas, no geral, mais baratas. Ao G1,
ele disse, porém, que a mudança nas regras no último ano foi “abrupta” e
“radical”, e os candidatos deverão ter “dificuldade” em arrecadar doações dos
militantes.
“Até porque, sem a doação
das empresas, acho que vai ser difícil para os candidatos conseguir a adesão
dos militantes às campanhas de doação, especialmente em razão do clima que
estamos vivendo com denúncias de corrupção envolvendo a classe política.
Acredito que as pessoas estarão refratárias a doar para as campanhas”, disse
Torres.
Especialista
Para o cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), as novas regras, como teto de gastos, campanha mais curta e proibição de doações empresariais, deverão baratear a disputa.
Para o cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), as novas regras, como teto de gastos, campanha mais curta e proibição de doações empresariais, deverão baratear a disputa.
Na avaliação dele, os
candidatos de partidos ligados a igrejas deverão sair beneficiados desse
processo por conta das doações dos fiéis, que são um público “cativo”.
“Por ser uma campanha mais
curta, eu acho que vai ser mais barata, mas os partidos que têm doadores
cativos vão se beneficiar e serão justamente os partidos ligados a igrejas,
porque os fiéis podem doar”, afirma.
Ele cita como exemplo o
deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP), candidato à Prefeitura de São
Paulo, e o senador licenciado Marcelo Crivella (PRB-RJ), na corrida pela
Prefeitura do Rio de Janeiro. Ambos são de um partido ligado à Igreja Universal
e lideram as pesquisas de intenção de votos. “Eles são um exemplo de como terão
muita vantagem porque os fiéis que vão doar”, sustenta Fleischer.
Por outro lado, Fleischer
pondera que, até então, as campanhas eram geralmente sustentadas pelas doações
de empresas e que agora os partidos terão que se desdobrar para conseguir
dinheiro, o que poderá estimular o caixa dois - quando os valores recebidos não
são declarados à Justiça Eleitoral.
O professor da UnB aponta
ainda para a possibilidade de empresas usarem funcionários como laranjas para
conseguir fazer as doações. “Vai ter mais caixa dois e mais laranjas no caixa
um. Ou seja, uma empresa que quer doar R$ 1 milhão arruma 200 ou 300 pessoas
com CPF para fazer as doações”, disse.
Redes sociais
Conforme mostrou o G1, com o veto do STF à doação empresarial para campanhas eleitorais, partidos como PMDB, PT, PSDB, PP e PR – os cinco com maior número de parlamentares no Congresso Nacional – decidiram priorizar o uso de redes sociais para incentivar doações de militantes na disputa municipal.
Conforme mostrou o G1, com o veto do STF à doação empresarial para campanhas eleitorais, partidos como PMDB, PT, PSDB, PP e PR – os cinco com maior número de parlamentares no Congresso Nacional – decidiram priorizar o uso de redes sociais para incentivar doações de militantes na disputa municipal.
Dirigentes dessas legendas
relataram, por exemplo, que utilizarão perfis no Facebook, Twitter e YouTube
para mobilizar os militantes e incentivar suas doações. Na avaliação dos
partidos, o custo de uma campanha que utilize essas ferramentas é relativamente
“baixo” e, por terem inserção alta, podem incentivar as doações.
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