A Caixa Econômica Federal
vai elevar o teto do valor de imóveis financiáveis pelo banco, o percentual de
financiamento para imóveis de valores maiores e facilitar condições para
construtoras, num esforço para acelerar os desembolsos no segundo semestre, disse
um executivo do banco.
Uma das principais medidas
do pacote, previsto para ser anunciado na próxima segunda-feira, é dobrar para
3 milhões de reais o valor máximo dos imóveis que podem ser financiados pelo
banco, de acordo com o vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antonio de
Souza.
Além disso, segundo ele, a
Caixa elevará a cota de financiamento no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI),
usado para imóveis de valor superior a 750 mil reais, de 70 para 80 por cento
nos imóveis novos, e de 60 para 70 por cento no caso de usados.
O banco também está
reabrindo e expandindo uma linha que permite a transferência de financiamento
imobiliário que tenha sido contratado com outros bancos.
Com isso, mutuários
poderão transferir para a Caixa até 70 por cento do empréstimo que tenha tomado
com outras instituições financeiras. O limite hoje é de 50 por cento.
Outras medidas para
pessoas físicas incluem elevar o nível de aprovação das propostas pelo banco,
hoje em torno de 80 por cento, além de uma intensa campanha de divulgação.
"No segundo semestre
temos que fazer muito mais", disse Souza em entrevista à Reuters.
No ano até junho, a Caixa,
maior financiador imobiliário do país, concedeu menos de 39 bilhões de reais,
de um orçamento para o ano hoje em cerca de 93 bilhões de reais.
O esforço para fazer o
setor, um dos que mais refletem a forte recessão no país, voltar a ganhar
tração inclui também flexibilização de parâmetros para concessão de recursos às
construtoras.
Uma das iniciativas nesse
sentido é a reabertura do chamado Plano Empresário (PEC), mecanismo
simplificado de financiamento que tinha sido suspenso por causa do aumento da
inadimplência e do grande volume de renegociações.
Além de ser reaberta, a
linha terá o prazo de amortização estendido de 6 para 12 meses, com carência de
6 meses.
Tentativa de reversão
O foco da Caixa em imóveis
para famílias de renda mais alta visa a reverter a tendência de forte
contração, provocada em parte pelo escasseamento de recursos do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), principal fonte de recursos de
financiamento imobiliário do país.
A caderneta de poupança,
que lastreia o SBPE, teve saída líquida de 42,6 bilhões de reais no primeiro
semestre, pior resultado para o período da série histórica iniciada em 1995,
segundo o Banco Central.
Segundo número mais
recente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança (Abecip), o volume de financiamento do SBPE para compra de imóveis
somou 10,9 bilhões de reais de janeiro a março, queda de 54,6 por cento ante
igual período de 2015.
Com isso, a Caixa ficou
mais rigorosa nas novas concessões, exigindo valor de entrada maior ou mais
garantias dos tomadores.
O movimento casou com a
queda na demanda por empréstimos, devido à combinação de desemprego ascendente
e inflação alta, que têm pressionado a renda das famílias.
No caso da Caixa, um dos
reflexos desse cenário foi a queda de cerca de 6 por cento no volume de
concessões nos seus feirões da casa própria, 14 eventos regionais que o banco
faz todo ano, para 10,3 bilhões de reais.
No entanto, o banco
conseguiu outras fontes de recursos, incluindo FGTS, emissão de letras
financeiras e liberação de depósitos compulsórios.
"Fomos atrás e
conseguimos recursos que estavam faltando", disse Souza. "Agora temos
dinheiro sobrando", afirmou.
Além das medidas para
famílias de classes de média e alta rendas, a Caixa está voltando a acelerar
contratações no âmbito do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida.
Na sexta-feira, o ministro
das Cidades, Bruno Araújo, disse que o governo federal pretende contratar de
300 mil a 400 mil unidades das faixas 2 e 3 do programa até dezembro.
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