Fonte;Zero Hora
Estrabismo
infantil pode acometer recém-nascidos e exige tratamento precoce
Davi nasceu com o desvio nos olhos e precisou de cirurgia para corrigi-loFoto: Rogério Sartori / Agência RBS |
Assim que Davi nasceu,
a produtora de eventos Mara Biasi, 42 anos, percebeu que os olhos do filho não
estavam alinhados. Achou que poderia ser normal em recém-nascidos, mas o
problema persistiu. Quando o menino completou oito meses, com a indicação de um
pediatra, buscou ajuda de um oftalmologista, que afirmou que a questão se
resolveria naturalmente com o tempo. Poucos meses depois, procurou outro
oftalmologista, que fez o diagnóstico: o menino tinha estrabismo nos dois
olhos.
O
estrabismo é um desalinhamento dos olhos. Ele pode ser convergente (quando os
olhos viram para dentro), divergente (quando viram para fora) e vertical
(quando o olho sobe ou corre para baixo da pálpebra). O problema pode afetar um
olho ou os dois.
Até os quatro meses, aproximadamente, é comum os bebês
apresentarem algum desvio no olhar, já que ainda não conseguem coordenar o
movimento com precisão. Mas se o caso persistir, é importante buscar a opinião
de um especialista
— É um problema que
não se corrige sozinho e deve ser tratado o quanto antes. A solução depende
muito da idade da criança e do tipo de estrabismo — explica a oftalmologista
pediátrica Graciela Brum.
Entre as principais
causas, estão prematuridade, diabetes, doenças metabólicas e histórico
familiar, além da presença de outros problemas de visão, como a hipermetropia.
Em casos mais leves,
somente o uso de óculos já pode ser suficiente para corrigir o problema. Outra
opção é a fisioterapia, em que os pais aplicam exercícios em casa com as
crianças, a partir de uma orientação médica. Quando o estrabismo é mais severo,
podem ser necessárias até oito horas por dia de fisioterapia.
Davi precisou de
óculos e de um tampão, usado intercaladamente nos olhos, durante quatro horas
diárias. Mara relata que foram momentos difíceis.
— Ele era muito
pequeno, tinha menos de dois anos. Fazia manha, cansava. Também não gostava de
usar os óculos, mas comprei armações diferentes, bonitinhas. Tive de testar
várias técnicas — conta a mãe do garoto, hoje com cinco anos.
Também há casos em que
é necessário realizar cirurgia. Segundo Graciela, o procedimento é simples,
laboratorial, e tem rápida recuperação:
— Pode-se sentir um
pouco de desconforto até um dia depois do procedimento. Por até três semanas, é
normal que a criança fique com o olho um pouco vermelho, como se estivesse com
conjuntivite.
No caso de Davi, mesmo
apresentando avanço com os óculos e o tampão, a cirurgia foi necessária.
— Fiquei bastante
apreensiva, ele era tão novinho, tinha quatro anos. Mas ele teve uma
recuperação rápida e valeu muito a pena, porque resolveu, finalmente, o
problema — conta Mara.
Existe, ainda, a opção
de aplicar toxina botulínica, que teve no tratamento do estrabismo seu primeiro
uso. O medicamento normalmente é recomendado para crianças que não podem ser
submetidas às cirurgias, como aquelas que sofreram um AVC ou derrame.
Não tratar o
estrabismo pode acarretar uma vida difícil para a criança. Graciela alerta:
— Ela vai desenvolver inadequadamente a visão e não vai ter uma
visão em 3D, tão importante em situações que exigem uma resposta rápida, como
quando dirigimos, e para algumas profissões, como a de cirurgião.
Como identificar
Perceber o estrabismo nem sempre é
fácil e exige que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos. De acordo
com a oftalmologista pediátrica Graciela Brum, se os pais notarem um desvio,
mesmo que pequeno, nos olhos da criança, devem procurar ajuda médica.
Em alguns casos, o problema pode
ocorrer de maneira intermitente: o olho desvia e, depois, volta ao normal. Por
isso, a observação dos pais é muito importante.
Outro sinal de que algo pode estar
errado é quando a criança começa a tapar um dos olhos para fazer foco.
O estrabismo pode surgir logo após o
nascimento ou se manifestar mais tarde, entre dois e três anos.
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