domingo, 6 de março de 2016

No centenário de nascimento, Grande Otelo recebe poucas homenagens

Fonte: Metrópoles

Incensado por personalidades como Orson Welles e Bibi Ferreira, o ator recebeu, no Cine Brasília, seu último tributo em vida
Reprodução/Acervo TV Globo
O maior ator negro de todos os tempos. Assim, sem exageros, Grande Otelo chegou à capital federal, em novembro de 1993, para ser homenageado no badalado Festival de Brasília. Entrou no Cine Brasília sob aplausos de um público que o via, àquela época, numa aparição singela na “Escolinha do Professor Raimundo”, do amigo-irmão Chico Anysio.
Aqui, o homem de coração abalado (já tinha sofrido três infartos) lançou o livro de poesias “Bom Dia, Manhã” e emocionou-se profundamente ao ficar diante do passado de glória. Em 1969, no mesmo Cine Brasília, ele tinha ganhado o Candango de melhor ator com a obra-prima “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade.
Feliz, Otelo deixou a cidade e seguiu para a França, onde seria consagrado no Festival de Trois Continants, em Nantes, com a exibição de “Rio Zona Norte”, de Nelson Pereira dos Santos. Ao pousar no aeroporto Charles de Gaulle (Paris), o coração de Otelo não suportou. Morreu a caminho do hospital, encerrando uma carreira marcada pela versatilidade com que circulou pelas diversas linguagens.
Vinte e dois anos depois de sua morte, o ator, comediante, cantor, escritor e compositor é um marco na cultura brasileira. Neste ano, completaria 100 anos. A efeméride, porém, tem passado discretamente e com pouco impacto para a importância do artista, inclusive na internacionalização da arte produzida em nosso país.
O cineasta Orson Welles, que o considerou o melhor ator da América Latina, queria levá-lo para Hollywood. A dançarina norte-americana Josephine Baker se encantou com a versatilidade de Grande Otelo. Juntos, cantaram músicas como “Boneca de Piche” quando ela veio ao Brasil e foi assisti-lo no Cassino Monte Carlo.

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