O drama das famílias que residem nas
proximidades da obra da Barragem das Oiticicas, em Jucurutu, aumenta com o
passar dos dias e do adiantamento da obra física. Moradores residentes no Sítio
Barra de Oiticica denunciam que as promessas de moradia até agora não compridas
pelo governo e agora observam, com aflição, a construção da parede da barragem,
que se aproxima a passos largos.
É o caso de Edinete da Silva, que
mora com o marido e mais três filhos em uma residência que será afetada pela
construção da parede. "Eu quero um lugar para morar, não posso ficar no
meio da rua. Eu comprei uma casa aqui na barragem, antes do início da
construção, e hoje o antigo dono foi indenizado e eu só tive direito a 2 mil
reais e não dá para comprar uma casa. O Governo do Estado prometeu uma casa e
até agora não recebi", disse ela.
A obra social da Barragem das
Oiticicas consiste na indenização das famílias que moram no entorno da obra,
como os sítios e a comunidade de Barra de Santana, distrito que pertence ao
Município de Jucurutu. Recentemente, o Ministério Público Federal publicou
recomendação destinada a Semarh e ao Dnocs cobrando um novo cronograma para o
atendimento das obrigações sociais previstas no termo de compromisso.
"Moro aqui nessa casa porque não
tenho para onde ir, nem tenho terra e nem casa. Já faz três anos que estamos
aqui sem nenhuma resposta. Somos conscientes que aqui está ficando perigoso,
pois a construção da parede está se aproximando, os operários estão colocando
explosivos e a parede da barragem vai passar aqui aonde eu moro hoje. O Governo
do Estado ate agora não deu nenhuma resposta", lamentou Ralison de
Oliveira, morador da região.
De acordo com Júlio Fernandes,
"o Governado do Estado nos prometeu que ninguém iria ficar desabrigado,
quem não tinha casa iria receber. Ninguém, até agora, não recebeu nada . Eu
moro mesmo no centro da construção da parede e estou vendo a obra se aproximar
de onde eu moro e não tenho para onde ir e nem o que fazer", explicou ele.
Representante do Serviço de Apoio ao
Projetos Alternativos e Comunitários - Seapac e presidente do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu, Procópio Lucena, visitou as comunidades
rurais na manhã desta quarta-feira (03/02). "É uma situação de total
descaso do Estado com a dignidade destas famílias. Elas não têm pra onde irem e
precisam de uma posição oficial e uma ação rápida do Governo para solucionar
esse sofrimento. As famílias vivem dias de total desespero, angústia e
incerteza quanto o amanhã", afirmou.
Ainda de acordo com Procópio, "essas famílias
moram no eixo da parede da barragem. A terra e as casas já foram desapropriadas
e pagas aos seus proprietários. Essas pessoas que continuam nestas casas não
eram proprietários. Moravam apenas de favor, concessão dada pelos antigos
proprietários e não receberam nada", finalizou.
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