quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Mesma loja forneceu móveis para triplex e sítio freqüentado por Lula

JN teve acesso a pedidos de compra e notas fiscais de móveis planejados para dois endereços distintos. Segundo investigadores, tudo pago pela OAS.

 O Jornal Nacional teve acesso a pedidos de compra e notas fiscais de móveis planejados para dois endereços distintos, de duas cidades paulistas: um apartamento no litoral e uma propriedade rural interiorana. Investigações apontam que as duas compras, feitas numa mesma loja, em São Paulo, foram pagas pela construtora OAS. A reportagem é de Bruno Tavares, César Galvão e Robinson Cerântula.

O que um sítio em Atibaia, no interior paulista, e um triplex a beira mar no Guarujá têm em comum?

Os dois são decorados com móveis planejados de grife comprados em uma loja na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. E foram pagos pela construtora OAS, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras. A informação foi publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” na edição de sábado (30).

Nesta quarta-feira (3), o Jornal Nacional teve acesso aos pedidos e notas fiscais. Uma das notas foi emitida no dia 12 de novembro de 2014, no valor de R$ 78,8 mil.

O endereço de entrega é o do Condomínio Solaris, na Praia das Astúrias, no Guarujá, que tem vários apartamentos sob investigação da Operação Lava-Jato e do Ministério Público de São Paulo.

A nota mostra quem comprou: a construtora OAS. Segundo as investigações, a cozinha planejada foi entregue no triplex 164 A. Seria a que aparece em uma foto da revista “Veja”.

A instalação dos móveis teria acontecido depois de uma reforma bancada pela OAS, entre abril e setembro de 2014. O empreiteiro que fez a obra disse que ela custou R$ 777 mil.

O Ministério Público de São Paulo investiga a suspeita de que o ex-presidente Lula seja o verdadeiro dono do apartamento, que está em nome da OAS.

O Instituto Lula admitiu que o ex-presidente visitou o tríplex com o presidente da OAS, Léo Pinheiro, mas que Lula desistiu da compra. Os promotores paulistas questionam o fato de a OAS ter gastado tanto dinheiro em uma reforma "sem um comprador pré-reservado."

O MP investiga ainda uma outra compra feita na mesma loja de móveis. Era para o sítio em Atibaia, muito frequentado pela família do ex-presidente nos fins de semana. Há suspeitas de que Lula também seja o dono da propriedade.

O Jornal Nacional apurou junto a investigadores que, assim como aconteceu no triplex do Guarujá, foi a construtora OAS que pagou pela cozinha planejada e pelos eletrodomésticos entregues no sítio em Atibaia. Tivemos acesso a esse pedido de compra, do dia 13 de março de 2014.

Além da cozinha de R$ 28 mil, foram encomendados: um refrigerador de R$ 9.740; uma lava louças de R$ 9,1 mil; um forno elétrico de R$ 10 mil; uma bancada de pouco mais de R$ 43 mil e outros itens. O valor total é de R$ 130 mil.

A reportagem do Jornal Nacional foi até o endereço indicado na nota fiscal para instalação da cozinha planejada e encontrou uma placa com o número 4.891 e o nome "Sítio Santa Bárbara". É o sítio que Lula e a família frequentam.

A nota fiscal da cozinha planejada está no nome de Fernando Bittar. Oficialmente, ele é um dos donos do sitio junto com Jonas Suassuna. Os dois são sócios de Fábio Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente. Até aí, nenhum problema. O que os promotores querem saber agora é por que a construtora OAS pagou por uma compra feita por Fernando Bittar.
A construtora OAS não quis comentar o assunto. O Instituto Lula não respondeu às perguntas da reportagem. O JN não conseguiu falar com Fernando Bittar.

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