Um salto de 15 degraus em uma década. Essa analogia é
possível ao se falar do Brasil e de suas metas para a educação. Entre os anos
de 2005 e 2014, a taxa de conclusão do Ensino Médio por jovens com até 19 anos
avançou 15 pontos percentuais. A conclusão é de um estudo elaborado pelo
Movimento Todos Pela Educação, com base nos resultados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios, o Pnad.
Regiões que, historicamente, registram resultados
ruins, como o Norte e o Nordeste, tiveram significativas melhoras quando o
assunto é o acesso à escola. No entanto, as diferenças ainda persistem. Por
exemplo, enquanto no ano de 2014 quase 85% dos jovens mais ricos do país
concluíram o ensino médio dentro da meta, esse percentual foi de 37% dentro da
população mais pobre.
O gerente de conteúdo do Todos pela educação, Ricardo Falzeta, avalia
que as desigualdades refletem uma política que não priorizou a qualidade do
ensino: “Isso é um pouco resultado de uma política que primeiro pensou na
universalização do acesso e depois na qualidade do ensino. A gente primeiro
cuidou no acesso, colocou todas essas crianças na escola, e ainda tem muitas
fora, mas não cuidou como deveria desde o início da qualidade. A escola ainda
carece de uma reformulação na sua estrutura”.
Para entender como incluir mais pessoas é preciso responder uma
indagação: onde estão os jovens que não conseguiram concluir o ensino médio
dentro da meta estabelecida pelo país? Um exemplo é a manicure Daiane
Rodrigues, cujo trabalho atrasou o plano de concluir a escola: “Até uns 19 anos
eu tentei, mas parei pelo trabalho. Não conseguia chegar nos horários e acabava
tendo que faltar em alguns dias, então eu reprovava por falta antes de acabar o
ano. Acabei desistindo”.
Se de um lado o Brasil conseguiu aumentar a taxa de jovens de 16 anos
que só estudam, de outro o número de pessoas com 19 anos que podem se dedicar
somente à escola caiu. E a quantidade de jovens que entraram para o grupo
"nem-nem", que nem trabalha, nem estuda, aumentou entre os anos de
2005 e 2014.
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