quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Bispos não são obrigados a relatar abuso infantil, diz Vaticano

Segundo um guia de instruções para bispos recém-nomeados, os clérigos não precisam comunicar as denúncias à polícia
O cardeal Bernard Law
O cardeal Bernard Law, que foi forçado a renunciar de seu cargo após escândalos de abuso sexual em sua arquidiocese de Boston, onde 150 padres foram acusados de molestar crianças(VEJA.com/AFP)
Um novo documento divulgado pelo Vaticano isenta os bispos da Igreja Católica da responsabilidade de reportar acusações de abuso de crianças por clérigos à polícia. Segundo o comunicado, os bispos devem se atentar às leis locais, mas sua única tarefa é comunicar os casos de abuso internamente, aos superiores dentro da Igreja.
"Não é necessariamente o dever dos bispos denunciar os suspeitos às autoridades, à polícia ou à promotoria local no momento em que ficam cientes dos crimes ou atos pecaminosos", informa o documento de treinamento, destinado principalmente aos novos bispos.
As orientações foram escritas por um monsenhor e psicoterapeuta francês, Tony Anatrella, que também serve como consultor do Conselho Pontifício para a Família. O Vaticano divulgou publicamente o documento - que faz parte de um programa de formação para bispos recém-nomeados - em uma coletiva de imprensa no início deste mês.
Embora reconheça que "a igreja tem sido particularmente afetada por crimes sexuais contra crianças", o guia de treinamento enfatiza estatísticas que mostram que a grande maioria dos abusos sexuais contra menores são cometidos dentro da própria família ou por amigos e vizinhos, não outras figuras de autoridade.
O curso de treinamento para novos bispos começou em 2001 e foi frequentado por cerca de 30% dos bispos católicos no mundo. O novo guia de orientações escrito por Anatrella começou a ser usado em setembro do ano passado, no curso de formação anual organizado pela Congregação para os Bispos.
Desde o início de seu papado, o papa Francisco pediu que a Igreja Católica enfrentasse os abusos de menores ou adultos vulneráveis com "tolerância zero", enfatizando que "tudo deve ser feito para livrar a igreja da praga do abuso sexual".

Fonte; REVISTA VEJA


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