Segundo um guia de instruções
para bispos recém-nomeados, os clérigos não precisam comunicar as denúncias à
polícia
O cardeal Bernard Law, que foi forçado a renunciar de seu cargo após escândalos de abuso sexual em sua arquidiocese de Boston, onde 150 padres foram acusados de molestar crianças(VEJA.com/AFP) |
Um
novo documento divulgado pelo Vaticano isenta os bispos da Igreja Católica da
responsabilidade de reportar acusações de abuso de crianças por clérigos à
polícia. Segundo o comunicado, os bispos devem se atentar às leis locais, mas
sua única tarefa é comunicar os casos de abuso internamente, aos superiores
dentro da Igreja.
"Não é necessariamente o dever dos bispos
denunciar os suspeitos às autoridades, à polícia ou à promotoria local no
momento em que ficam cientes dos crimes ou atos pecaminosos", informa o
documento de treinamento, destinado principalmente aos novos bispos.
As orientações foram escritas por um monsenhor e
psicoterapeuta francês, Tony Anatrella, que também serve como consultor do
Conselho Pontifício para a Família. O Vaticano divulgou publicamente o
documento - que faz parte de um programa de formação para bispos recém-nomeados
- em uma coletiva de imprensa no início deste mês.
Embora
reconheça que "a igreja tem sido particularmente afetada por crimes
sexuais contra crianças", o guia de treinamento enfatiza estatísticas que
mostram que a grande maioria dos abusos sexuais contra menores são cometidos
dentro da própria família ou por amigos e vizinhos, não outras figuras de
autoridade.
O curso de treinamento para novos bispos começou em
2001 e foi frequentado por cerca de 30% dos bispos católicos no mundo. O novo
guia de orientações escrito por Anatrella começou a ser usado em setembro do
ano passado, no curso de formação anual organizado pela Congregação para os
Bispos.
Desde o início de seu papado, o papa Francisco pediu
que a Igreja Católica enfrentasse os abusos de menores ou adultos vulneráveis
com "tolerância zero", enfatizando que "tudo deve ser feito para
livrar a igreja da praga do abuso sexual".
Fonte; REVISTA VEJA
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