EBC – Um dos mais respeitados
infectologistas do país, o professor e ex-diretor da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo e coordenador de Controle de Doenças da Secretaria da
Saúde de São Paulo, Marcos
Boulos, acredita que o país vive atualmente a maior epidemia já
registrada no mundo por vírus Zika.
Em entrevista ao programa Espaço Público, na TV
Brasil, o especialista defendeu o combate sistemático ao mosquito Aedes aegypti, transmissor não apenas do vírus Zika,
mas também da dengue e
da febre chikungunya. Para ele, as prefeituras
brasileiras erraram ao não manterem um grupo técnico permanente de controle do
vetor.
Boulos lembrou que a infecção por Zika, até
então, era considerada uma doença mais branda que a própria dengue, já que
causa febre baixa, manchas pelo corpo que desaparecem em dois ou três dias e
quadros clínicos menos graves, que dificilmente levam à morte. Foi a correlação
da doença com casos de microcefalia em bebês que levantou a bandeira vermelha.
O infectologista destacou que, em todos os
locais onde foi registrado surto do vírus Zika, como na Polinésia Francesa e em
algumas pequenas cidades da África, o cenário não se repetiu posteriormente.
“Se isso acontecer, até que não vai ser tão ruim assim. Vamos passar por um
momento epidêmico importante e, depois, é provável que exista uma calmaria.”
Um novo balanço divulgado ontem (12) pelo
Ministério da Saúde revela que 3.530 casos suspeitos de microcefalia
relacionada ao vírus Zika em recém-nascidos foram notificados no país entre 22
de outubro de 2015 e 9 de janeiro. O boletim também traz a confirmação de que a
morte de dois recém-nascidos e dois abortos de bebês com a malformação no Rio
Grande do Norte foram em decorrência da doença.
As notificações da malformação estão
distribuídas em 724 municípios de 21 unidades da federação. O estado de
Pernambuco, primeiro a identificar aumento de microcefalia, continua com o
maior número de casos suspeitos (1.236), o que representa 35% do total
registrado em todo o país. Em seguida, estão Paraíba (569), Bahia (450), Ceará
(192),Rio
Grande do Norte (181), Sergipe (155), Alagoas (149), Mato Grosso
(129) e Rio de Janeiro (122).
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