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A produção e a produtividade agrícola
brasileira crescem a cada safra, apesar das mudanças climáticas registradas
nas últimas décadas em todo o mundo. A avaliação foi feita pelo secretário
de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), ao comentar estudo da revista científica Nature.
A pesquisa, publicada na última quarta-feira
(6), leva em conta 2,8 mil eventos meteorológicos extremos ocorridos em 177
país, entre 1964 e 2007. Segundo o estudo, a ameaça é tão grande que pode
comprometer o abastecimento mundial de alimentos. Ainda de acordo com o
levantamento, períodos de seca e ondas de calor causaram perdas de 10% na
produção de grãos global.
Mesmo neste cenário, a produção agrícola
mundial não sofreu impactos negativos mais acentuados. “As regiões de menor
risco estão tendo enorme capacidade para suprir as áreas mais afetadas
pelos fenômenos da natureza”, salienta Nassar.
O secretário reconhece, entretanto, que as
mudanças têm reflexos na agricultura. “O risco de produzir alimentos está
crescendo devido às altas temperaturas e às estiagens prolongadas, mas não
a ponto de transformar o abastecimento em um problema.” O Brasil e os
demais países da América do Sul, acrescenta, são áreas de maior aptidão
agrícola e de baixo risco climático em relação às zonas rurais do restante
do planeta.
Sistemas agrícolas
Nassar constata também que os sistemas
agrícolas mundiais estão passando por uma ameaça, embora não haja
comprometimento da oferta de grãos. Tanto é verdade, assinala, que os
preços dos produtos agrícolas ao agricultor sofreram um processo de
aumento, mas há três anos estão estabilizando ou caindo. “Ou seja, o
mercado agrícola mostrou capacidade de produzir mais e aquela subida de
preço já foi interrompida e está caindo, num sinal de que a produção vem
sendo retomada”.
No Brasil, enfatiza Nassar, há regiões que
sofrem mais com as secas e chuvas intensas, como o semiárido e o Sul. Em
contrapartida, há áreas de menor vulnerabilidade aos fenômenos naturais,
como o Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Com relação
à estimativa de perda de 1 milhão de toneladas de soja por causa da seca
que atingiu a região produtora de Mato Grosso, o secretário diz que é um
problema pontual, que não acontecia desde 2005.
Para ele, a tecnologia e a pesquisa agrícola
estão neutralizando parte do efeito das mudanças climáticas no mundo. “Isso
permite que a produção continue crescendo de acordo com o aumento da
demanda por alimentos.”
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