O
semiárido todo tem um milhão de km², então cerca de 10% a 15% dessa área está
numa situação de severidade muito grande”, adverte o pesquisador da Embrapa.
Mais de 50% das áreas do semiárido brasileiro já
“estão com processo de desertificação acentuado”, e cerca de 10 a 15% do
território enfrenta uma situação de desertificação severa. Para se ter uma
ideia, a soma das extensões de terras degradadas no Ceará, na Bahia e em
Pernambuco equivale a “63 mil km²” de desertificação, informa Iêdo Bezerra de
Sá, na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por telefone. O pesquisador explica que a desertificação é um fenômeno de degradação
ambiental que acontece particularmente em regiões áridas, semiáridas e
subúmidas secas, a exemplo do Nordeste e de parte do Sudeste brasileiro.
De acordo
com o engenheiro florestal, no Brasil a desertificação no semiárido tem se
agravado por causa do desmatamento na Caatinga. “Ao desmatar a Caatinga, os
solos ficam completamente expostos a todas as intempéries”, frisa. Além do
desmatamento, Bezerra de Sá enfatiza que a irregularidade das chuvas contribui
para que a degradação seja ainda mais acentuada em algumas regiões. “Há locais,
por exemplo, aqui onde estou agora, em Petrolina — que é no extremo oeste de
Pernambuco —, em que chove 450 a 500 milímetros por ano. O grande problema é
essa irregularidade das chuvas: elas caem de forma muito concentrada, chove
muito em pouco tempo, ou seja, os 500 milímetros se concentram em apenas dois,
três meses e, às vezes, 20%, 30% da chuva do ano cai em apenas um dia”.
Ele
informa ainda que o maior polo de produção de gesso do país, localizado em
Araripe, no Ceará, responsável pela produção de 95% de todo o gesso produzido
no país, utiliza energia de biomassa, mas aproximadamente “50% dessa energia é
oriunda de desmatamentos ilegais e clandestinos. O governo sabe disso, as
autoridades sabem disso e estamos com um trabalho muito importante de
conscientização dessas empresas que utilizam biomassa na sua matriz
energética”. Entre as soluções para tentar reduzir a desertificação, o
pesquisador chama atenção para a necessidade de investir em planos de manejo
florestal sustentável para a Caatinga, de modo a utilizar o bioma de “forma
contínua e sustentável” e recuperar as áreas degradadas, que levam de 30 a 40
anos para serem regeneradas.
Lêdo
Bezerra de Sá é graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural
de Pernambuco, mestre em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais e doutor em Geoprocessamento pela Universidad Politécnica
de Madrid. Atualmente é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa.
Acesse o link e confira a matéria na íntegra
Nenhum comentário :
Postar um comentário