Muitos programas são criados pela União, mas executados
pelas prefeituras, as quais já passam por situação financeira difícil com a
queda do FPM
A
Confederação Nacional dos Municípios (CNM) lançou em setembro uma campanha com
dados e projeções sobre recursos que as prefeituras brasileiras deixaram de
receber ao longo dos últimos anos. Além da queda no Fundo de Participação dos
Municípios, a entidade expõe o subfinanciamento de programas criados pela
União, mas executados por prefeituras.
De
acordo com o estudo, as desonerações de Imposto sobre Produtos Industrializados
entre os anos de 2008 e 2014, o impacto salarial gerado pelo aumento do salário
mínimo e de pisos salariais, além do subfinanciamento de programas têm deixado
os municípios em condições financeiras ruins. Segundo o presidente da
Associação Piauiense de Municípios, Arinaldo Leal, baseado em dados da CNM, os
municípios piauienses deixaram de receber R$ 3,1 bilhões de FPM ao longo dos
anos de 2008 a 2014.
“A
partir da crise econômica mundial de 2008, o Governo Federal adotou políticas
de desonerações tributárias, sobretudo nos impostos partilhados com Estados e
Municípios, que é o IPI e o Imposto de Renda. O Governo alega que isso mantem o
emprego de trabalhadores, mas por outro lado, tem deixado a situação das
prefeituras muito ruim”, diz o gestor.
De
acordo com Arinaldo Leal, a queda nas receitas das prefeituras tem levado
prefeitos a decidirem quais contas devem pagar. “Nós, prefeitos, em muitos
meses, temos que escolher se pagamos o funcionário público ou os fornecedores,
ou mantém programas”, ressalta Leal.
Outro
ponto apontado pela CNM como causa para os problemas de gestão dos municípios
são aumentos salariais, incluindo o piso nacional dos professores. “De 2010 até
2015, o piso passou de R$ 1.024,00 para R$ 1.917,78, um aumento de 87,9%,
enquanto que a inflação pelo INPC foi de 35,3%. O Fundeb, que é a fonte de
recursos para o pagamento do Piso, cresceu somente 59% no mesmo período”, diz a
nota técnica da entidade.
FPM
deste ano é R$ 1,6 bi menor que o de 2014
O Fundo
de Participação dos Municípios (FPM), maior fonte de receita para as
prefeituras piauienses registou uma queda de R$ 1,6 bilhão neste ano em relação
a 2014. Até setembro de 2015, os municípios brasileiros receberam R$ 62,863
bilhões, enquanto que no ano passado, o valor foi de R$ 61,150 bilhões. Nos
números deste ano está incluindo o repasse extra de de 0,5% realizado em 09 de
julho.
Para
Arinaldo Leal, além da queda nominal das receitas, há um aumento no número de
despesas. O salário dos professores aumentou 13%, tem o aumento dos
combustíveis, da energia, do salário mínimo, enfim. Além da queda nos repasses,
o gestor de hoje ainda se depara com o aumento dos preços no custeio’, diz
Arinaldo.
Apesar
da queda e do momento econômico, através de uma nota técnica, a
Superintendência do Tesouro Nacional prevê para outubro um aumento de 19% com
relação ao mês de setembro do ano vigente. No entanto, a CNM vem alertou aos
gestores municipais que de junho até outubro o repasse FPM é tradicionalmente
menor, indicando baixa probabilidade deste aumento significativo se
concretizar.
Das 224
cidades piauienses, 163 se enquadram no coeficiente 0.6, ou seja, recebem o
menor repasse de FPM. O coeficiente 0.6 é referente aos municípios com menos de
10 mil habitantes.
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