terça-feira, 6 de outubro de 2015

Municípios vivem situação complicada com acúmulo de perda de recursos

Muitos programas são criados pela União, mas executados pelas prefeituras, as quais já passam por situação financeira difícil com a queda do FPM


A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) lançou em setembro uma campanha com dados e projeções sobre recursos que as prefeituras brasileiras deixaram de receber ao longo dos últimos anos. Além da queda no Fundo de Participação dos Municípios, a entidade expõe o subfinanciamento de programas criados pela União, mas executados por prefeituras. 
De acordo com o estudo, as desonerações de Imposto sobre Produtos Industrializados entre os anos de 2008 e 2014, o impacto salarial gerado pelo aumento do salário mínimo e de pisos salariais, além do subfinanciamento de programas têm deixado os municípios em condições financeiras ruins. Segundo o presidente da Associação Piauiense de Municípios, Arinaldo Leal, baseado em dados da CNM, os municípios piauienses deixaram de receber R$ 3,1 bilhões de FPM ao longo dos anos de 2008 a 2014. 

“A partir da crise econômica mundial de 2008, o Governo Federal adotou políticas de desonerações tributárias, sobretudo nos impostos partilhados com Estados e Municípios, que é o IPI e o Imposto de Renda. O Governo alega que isso mantem o emprego de trabalhadores, mas por outro lado, tem deixado a situação das prefeituras muito ruim”, diz o gestor. 
De acordo com Arinaldo Leal, a queda nas receitas das prefeituras tem levado prefeitos a decidirem quais contas devem pagar. “Nós, prefeitos, em muitos meses, temos que escolher se pagamos o funcionário público ou os fornecedores, ou mantém programas”, ressalta Leal. 
Outro ponto apontado pela CNM como causa para os problemas de gestão dos municípios são aumentos salariais, incluindo o piso nacional dos professores. “De 2010 até 2015, o piso passou de R$ 1.024,00 para R$ 1.917,78, um aumento de 87,9%, enquanto que a inflação pelo INPC foi de 35,3%. O Fundeb, que é a fonte de recursos para o pagamento do Piso, cresceu somente 59% no mesmo período”, diz a nota técnica da entidade. 
 FPM deste ano é R$ 1,6 bi menor que o de 2014 
O Fundo de Participação dos Municípios (FPM), maior fonte de receita para as prefeituras piauienses registou uma queda de R$ 1,6 bilhão neste ano em relação a 2014. Até setembro de 2015, os municípios brasileiros receberam R$ 62,863 bilhões, enquanto que no ano passado, o valor foi de R$ 61,150 bilhões. Nos números deste ano está incluindo o repasse extra de de 0,5% realizado em 09 de julho. 
Para Arinaldo Leal, além da queda nominal das receitas, há um aumento no número de despesas. O salário dos professores aumentou 13%, tem o aumento dos combustíveis, da energia, do salário mínimo, enfim. Além da queda nos repasses, o gestor de hoje ainda se depara com o aumento dos preços no custeio’, diz Arinaldo. 
Apesar da queda e do momento econômico, através de uma nota técnica, a Superintendência do Tesouro Nacional prevê para outubro um aumento de 19% com relação ao mês de setembro do ano vigente. No entanto, a CNM vem alertou aos gestores municipais que de junho até outubro o repasse FPM é tradicionalmente menor, indicando baixa probabilidade deste aumento significativo se concretizar. 
Das 224 cidades piauienses, 163 se enquadram no coeficiente 0.6, ou seja, recebem o menor repasse de FPM. O coeficiente 0.6 é referente aos municípios com menos de 10 mil habitantes.


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