Pieter Zalis, VEJA.com
Junto com os sem-casa e os
sem-Pronatec, excluídos do principal programa social do governo formam um novo
contingente de desvalidos
Primeiro, chega a
"cartinha". Com carimbo do Ministério do Desenvolvimento Social, ela
pede ao beneficiário do Bolsa Família que se apresente na prefeitura da cidade
para agendar a visita de um assistente social à sua casa. A partir desse
momento, o dinheiro do programa já para de entrar na conta da família. Semanas
depois, o assistente social toca a campainha.
Prancheta, caneta e
almofadinha de carimbo na mão (para os casos em que o beneficiado não sabe
escrever), ele faz perguntas sobre cada morador da casa: quem estuda, quem
trabalha, quanto ganha. Caso note a presença de uma moto, de uma TV de LED ou
de qualquer elemento que destoe do cenário de pobreza obrigatório, indaga
quando a família adquiriu o bem e com que recursos. Encerrada a entrevista,
pede ao beneficiário que assine o formulário preenchido e encaminha o papel à
prefeitura. Feito isso, o resultado é quase sempre o mesmo: adeus, Bolsa
Família. Poucos dos que recebem a visita do assistente social conseguem manter
o benefício.
Sem anúncio nem alarde, o
governo federal começou a passar a tesoura nos programas sociais. O Bolsa
Família, carro-chefe da administração petista, sofreu neste ano o mais profundo
corte desde que foi criado, há onze anos. Apenas no primeiro semestre de 2015,
782.313 famílias deixaram de receber o benefício.
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