Termina nesta quarta-feira (13) o prazo de seis
anos para os portugueses adotarem o jeito de escrever do Novo Acordo
Ortográfico. No Brasil, a fase de transição termina oficialmente em primeiro de
janeiro do ano que vem. A nova ortografia já é muito usada nos dois
países. Mas em Portugal, ainda tem muita gente que contesta o acordo
ortográfico.
Há mais de cem anos, Brasil e Portugal tentam
unificar a maneira de escrever. O objetivo é que todos os países da comunidade
de língua portuguesa, na Europa, África, Ásia e nós da América, escrevam do
mesmo jeito. Mas está difícil. O último acordo começou a ser negociado na
década de 1970 do século passado, foi assinado em 1990, sofreu muitos
adiamentos, mas agora, pelo menos em Portugal, o prazo terminou.
Uma das maiores reclamações dos portugueses que
estão contra o novo acordo ortográfico é sobre as consoantes mudas. Palavras
que eles escreviam como actor, actriz, director, factual, optimo,
essas todas perderam a tal da consoante muda. E ao contário, recepção de hotel,
que no Brasil se escreves com p mudo e em Portugal eles escrevem receção,
essa palavra ser escrito como é no Brasil.
O professor da Academia de Ciências, João Malaca
Casteleiro, foi quem negociou o acordo pelo lado de Portugal.
“Os brasileiros tinham que passar a escrever
'actor', 'director', 'óptimo'com consoantes que já tinham suprimido há muito
tempo. Então, não é mais fácil para quem não articula essas consoantes
suprimi-las, do que obrigar os outros que não as articulam também voltar a
escrever elas? É um questão de bom senso, portanto”.
Todos os documentos oficiais do governo e o
ensino a partir desta quarta-feira já têm que obedecer a nova grafia. Mas entre
escritores, intelectuais e jornalistas há muita resistência. Um dos maiores
jornais de Portugal já decidiu que não vai mudar a forma de escrever.
O diretor adjunto do jornal, Nuno Pacheco, diz
que assim como nem todos os países de língua inglesa ou espanhola escrevem da
mesma forma, com o português também deveria se respeitar as diferenças. Ele
acusa o acordo de promover uma grande confusão com a língua.
“Porque agora eu tiro o t ou boto o t,
ponho o c ou tiro o c. Porque no lugar dos linguistas se
entregarem a um exercício de sedimentarem cada país aquilo que realmente se
escreve e como se deve escrever naquela país, naquela delimitação geográfica,
acharam que isso podia cruzar os países, todos e é mentira, é falso, não cruza,
não é verdade”.
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