O processo de investigação da
Fifa que resultou na prisão de dirigentes da entidade nesta quarta-feira
foi conduzido pelos Estados Unidos porque a lei americana dá autoridade
ao Departamento de Justiça para abrir casos contra estrangeiros que
vivem no exterior. Os promotores americanos têm usado deste expediente
para investigar casos de terrorismo internacional.
Para
que os americanos possam proceder este tipo de investigação, os Estados
Unidos precisam apenas de uma ligação dos suspeitos com o país, como,
por exemplo, um provedor de serviços de internet ou banco americano.
No
caso da Fifa, as acusações estão relacionadas a um grande esquema de
corrupção dentro da entidade nos últimos 24 anos, envolvendo corrupção,
fraude, extorsão, lavagem de dinheiro e propinas no valor de US$ 150
milhões (cerca de R$ 450 milhões) ligados a Copas do Mundo e acordos de
marketing e de transmissão de jogos pela televisão. As propinas seriam
pagas em contas de bancos americanos. Os mundiais da Rússia (2018) e do Qatar (2022) são alvos da investigação de agentes do FBI, a polícia federal americana.
O tratado da Suíça
com os Estados Unidos dá às autoridades suíças o poder de recusar a
extradição por crimes fiscais, mas quando há um envolvimento de pessoas
que infringiram leis penais em geral os suíços concordam em transferir
os acusados para serem julgados nos tribunais americanos.
O
processo de extradição começa na Suíça. De acordo com as autoridades
locais, um procedimento simples é aberto no caso de pessoas procuradas
pela Justiça. Nesse caso, As autoridades federais da Suíça aprovam
imediatamente a extradição para os EUA e ordenam a transferência. Caso
um dos presos se oponha à extradição, a polícia da Suíça solicita aos
americanos que façam um pedido formal de extradição em no máximo 40
dias, como prevê o acordo bilateral entre os dois países.
As
notícias da investigação do FBI sobre o caso de corrupção começaram a
surgir em março de 2013. Nove meses depois, foi divulgado que Chuck
Blazer, ex-membro do comitê executivo executivo da Fifa, estava
colaborando com as investigações. Blazer foi acusado de ter recebido
propinas quando era secretário-geral da Concacaf. Em maio de 2013,
Blazer, de 70 anos, foi suspenso por 90 dias pela Fifa sob a alegação de
ter recebido mais de US$ 20 milhões da Concacaf.
Blazer ocupou os
mais altos cargos na área do esporte nos Estados Unidos. Ele chegou a
ser conhecido pelo apelido de "Sr. Dez por cento" depois de supostamente
ter negociado um contrato extraordinário com a Concacaf que lhe dava
10% de cada centavo trazido para a entidade. Ele era conhecido por seu
estilo de vida exuberante e, quando não estava em seu apartamento em
Manhattan, em Nova York, descansava em seu condomínio de luxo nas
Bahamas.
Jornais americanos
divulgaram em novembro do ano passado que Blazer fez uma série de
gravações de executivos da Fifa para ajudar na investigação das
autoridades americanas.
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