Para aprovar as medidas do ajuste fiscal, a presidente Dilma oferece o comando de autarquias e cerca de 200 empregos para apadrinhados, num pacote que chega a R$ 21 bilhões
Nos primeiros meses do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff acumulou seguidas derrotas no Congresso. Os reveses no Parlamento tiveram como causa principal a revolta dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com a inclusão de seus nomes no rol de investigados da Operação Lava Jato. Os dois culpam o Palácio do Planalto pelo fato de a Polícia Federal e o Ministério Público terem encontrado indícios de que participaram dos desvios de dinheiro da Petrobras. Sem força política para vencer Cunha e Renan e pressionada pela necessidade de aprovar as Medidas Provisórias do ajuste fiscal, a presidente decidiu falar a linguagem que mais agrada aos congressistas. Mais uma vez, o método adotado para conquistar os votos indispensáveis é a distribuição de cargos federais para apadrinhados de deputados e senadores. Como se fosse uma feira livre, o Palácio abriu a temporada de negociações para o preenchimento de vagas abertas no segundo e no terceiro escalões. Convocado para a missão, o vice-presidente Michel Temer dispõe de uma relação de quase 200 postos a serem entregues aos aliados. No pacote estão o comando de 10 autarquias e 20 diretorias de agências reguladoras que, juntas, acumulam orçamento de mais de R$ 21 bilhões anuais. Além de administrar cifras milionárias, os indicados pelos parlamentares terão pelo menos 2,3 mil cargos comissionados para seus cabos eleitorais.
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