Eleito pelo Colégio Eleitoral com maioria de votos, o presidente Tancredo Neves passou a ser a esperança de todos os brasileiros. |
Para vencer a disputa, O PMDB de Tancredo Neves,
de Ulysses Guimarães e de tantas outras personalidades que lutaram contra o
regime militar teve de se unir à chamada Frente Liberal, formada por
dissidentes do PDS – partido de sustentação do governo militar.
No inicio de janeiro, o então deputado Ulysses
Guimarães entregou a Tancredo o programa do partido, denominado de “Nova
República”, que previa eleições diretas em todos os níveis, educação gratuita,
congelamento de preços da cesta básica e dos transportes, entre outros.
Tancredo firmou com os brasileiros, que foram às
ruas lutar pelas eleições diretas, o compromisso de virar a página da história
do Brasil, colocando fim ao ciclo comandado pelos militares. Tancredo Neves
conquistou os brasileiros de Norte a Sul e deu ao país perspectivas de uma
pátria livre. Com a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, prometeu
banir o chamado “entulho autoritário”.
Com esperança e ânimos redobrados, os brasileiros
esperavam ansiosos a chegada do dia 15 de março de 1985, quando Tancredo Neves
assumiria os destinos do Brasil e os militares voltariam para as casernas.
No dia 12 de março, a maioria da população ficou
decepcionada com o anúncio do ministério, integrado por lideranças da antiga
Arena e que haviam migrado para a Frente Liberal.
As esperanças começaram a diminuir com a doença de Tancredo Neves, internado 12 horas antes da posse em um hospital de Brasília, onde se submeteu a uma cirurgia. O problema de saúde do presidente eleito foi comunicado na véspera de sua posse. No dia 15 de março, no lugar de Tancredo assume interinamente a Presidência da República o vice-presidente eleito, José Sarney.
Da noite de 14 de março até a noite de 21 de abril, brasileiros de todas as regiões, raças e credos oraram pela recuperação de Tancredo. As esperanças de tê-lo no comando do país acabaram na noite de 21 de abril, quando oficialmente foi anunciada sua morte. A tristeza e desesperança tomam conta do Brasil. Até o sepultamento, em 24 de abril, Tancredo recebeu homenagens de multidões de pessoas país afora.
Para o professor da Universidade de Brasília e
cientista político Flávio Britto, Tancredo era a esperança. Segundo ele, sua
morte acabou com o sonho de milhões de brasileiros que aguardavam as mudanças
prometidas em campanha.
“Tancredo representava a efetiva esperança da
redemocratização. Sua morte foi um momento de muita frustação e dor para o
povo. A simbologia que ele passava era da verdadeira redemocratização. Todos
acreditavam que o país iria entrar novamente nos trilhos.”
“Além de representar a esperança, Tancredo Neves
tinha a aparência de uma pessoa muito próxima e simpática. Ele estava sempre
sorridente, disposto a se aproximar das crianças. Era uma figura que passava
confiança”, disse o professor Flávio Britto.
“A notícia da morte dele foi muito impactante.
Havia uma união de solidariedade pela recuperação do presidente eleito. Todos
torciam pela recuperação dele. Tancredo Neves foi transformado em uma espécie
de herói nacional”, acrescentou Flávio Britto.
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