Os três principais movimentos - Brasil Livre, Vem pra Rua e Revoltados
Online - que levaram cerca de 2 milhões de pessoas às ruas no mês passado contra o governo
da presidente Dilma Rousseff reeditam neste domingo (12) o ato, com a
esperança de atrair o dobro de insatisfeitos. Os monitoramentos do
governo, entretanto, indicam baixíssima adesão, principalmente comparado
ao último ato. Mostram ainda que o clima está menos favorável.
Mesmo com uma previsão positiva, aliados da presidente não
descartam que o movimento cresça ao longo do dia. Mas, se depender do Planalto,
não será fomentado, como ocorreu na edição passada. Não haverá
posicionamento após os atos, como no dia 15. Aliados da presidente consideraram
as declarações dos ministros José Eduardo
Cardozo e Miguel
Rossetto desastrosas.
Além de decidir não dar Ibope, o Planalto mudou a estratégia de
monitoramento. Pela primeira vez, além das redes sociais, também está de olho
em cada dos pró-impeachment no Whatsapp. O susto com o movimento do dia
15 - menor que o das manifestações de junho de 2013 - acendeu um alerta no
governo: não dá mais para ignorar qualquer rede social.
"Ninguém contava com a força do Whatsapp. Todo
mundo foi pego de surpresa. A avaliação do governo foi a de que a troca
de mensagens pelo celular junto com a cobertura ao vivo da imprensa motivou as
pessoas a saírem de casa", disse um petista ao Brasil Post.
Apesar de estar mais atento que nunca, o governo
também está menos preocupado. Há um sentimento entre os palacianos de
que as últimas decisões da presidente "arrefeceram os ânimos".
"Se a curva de problemas continuasse crescendo, haveria um temor maior. Mas
a decisão de colocar a articulação nas mãos do PMDB e as últimas declarações da
presidente ajudaram a conter o descontentamento", emendou o petista.
O governo acredita ainda que contou com a ajuda
da própria oposição. Internamente, integrantes do partido dizem que se o PSDB
tivesse colocado mais lenha na fogueira e apoiado o impeachment,
a situação seria pior. As falas contra o impeachment, tanto do senador Aloysio Nunes
(PSDB-SP), que disse que a presidente deveria sangrar, e o artigo do senador José Serra
(PSDB-SP), publicado no Estado de S.Paulo, foram encarados pelo governo como um
bom sinal.
Mesmo otimistas, os aliados de Dilma não
descartam que a manifestação cresça ao longo do dia. "Depende de como vai
ser pela manhã. Se encher, é capaz de encorajar mais pessoas a participar, mas
pode chover e deixar o protesto disperso. Pode ser ainda que não haja esse
engajamento. De qualquer forma, não estamos subestimando. Há consciência
de que o protesto pode ganhar corpo", diz o aliado do governo.
A intenção é que as respostas aos atos seja diluída
ao longo da semana nas entrevistas que os ministros concedem em suas agendas.
Outro aliado próximo à presidente diz que o discurso adotado será o mesmo do
dia 15, de que manifestar é um direito do brasileiro, apoiado pela presidente.
Como ela disse, "valeu a pena lutar".
Um dos líderes do movimento Brasil Livre, Kim
Kataguiri, entretanto, rechaça a apuração do governo. Em entrevista
pós-ato do dia 15, ele disse acreditar que muitos brasileiros que deixaram de
ir na edição anterior por medo de vandalismo, viram que não teve violência e
comparecerão.
Em vídeo, Renan Hass, outro integrante do MBL,
disse esperar que o Congresso reaja. Para ele, o cenário atual é
favorável ao PMDB e à oposição, por isso não há mobilização na Câmara e no
Senado em prol do impeachment.
Hass argumenta que existem razões políticas
e jurídicas para pleitear o impeachment de Dilma. Se nada for feito, o grupo
promete mudar a estratégia.
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