O fundador da ONG Afroreggae, José Júnior,
disse no Facebook que o menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos,
assassinado pela polícia no Complexo do Alemão, “era bandido”.
“Esse menino segundo informações era bandido.
Provavelmente se fosse bandido poderia ter matado um policial se tivesse
oportunidade. A questão é quem está ganhando com essa guerra? Famílias inteiras
sendo dilaceradas. Parte do efetivo do Complexo do Alemão e outras favelas tem
como mão de obra meninos e meninas”, escreveu na rede social. Após as críticas,
Júnior editou o post, mas como a errata ficou pior, a solução foi apagar de
vez.
O comentário não causaria tanta comoção se
viesse de um oficial da PM ou de Jair Bolsonaro, tipos acostumados a
minimizar crimes cometidos por policiais sugerindo que a vítima era criminosa.
Nem Bolsonaro, aliás, ousou ir tão longe.
José Júnior preside uma ONG surgida sob os ecos
da chacina de Vigário Geral, cuja missão, no papel, é “promover a justiça e a
inclusão, através da arte, da cultura afro-brasileira e da educação”. Incautos
deveriam esperar dele, no mínimo, mais compaixão pela vítima.
Mas é só olhar a página de Júnior no Facebook
para descobrir como ele está próximo das mentes reacionárias que pregam que
“bandido bom é bandido morto” e defendem a volta do regime militar.
Entre as últimas postagens estão convocações para
as manifestações contra o governo Dilma e o PT. Não há uma única referência ao
extermínio da juventude negra, tema corriqueiro na agenda de 10 entre 10
ativistas sociais. A redução da maioridade penal, sobre a qual Júnior se diz
contra, é abordada de forma bem discreta, asséptica.
A conta do Instagram entrega mais ainda. Tem
fotos dele ao lado de Rogério Chequer, o obscuro líder do movimento Movimento
Vem Pra Rua, com o coxinha supremo Luciano Huck e com o aliado político Aécio
Neves. Além da amizade com Huck, José Júnior se
gaba de suas relações com o ex-presidente da Editora Abril, Fábio Barbosa,
que o levou para almoçar no restaurante da sede em São Paulo. Foi capa da
revista Trip mais de uma ocasião, posando como “empreendedor social” ou algo do
gênero. É frequente em festas da Globo para dar um ar radical chic. Nunca ficou
claro como sua ONG era financiada.
Mas este é o José Júnior.
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